No passado, o basquetebol afirmou-se
como a segunda modalidade mais interessante para ao adeptos, no panorama desportivo
português.
Para isso, muito contribuíram dirigentes,
treinadores e jogadores de então, que aproveitando entre outras coisas
a rivalidade entre clubes regionais e nacionais transformaram os jogos em
momentos de grande competição, emotividade, levando a que os pavilhões de apresentassem
lotados inúmeras vezes.
Contudo, nos últimos anos sempre
que falamos nesse passado deparamo-nos com duas realidades. A primeira é que essa
fase fulgurante é praticamente desconhecida das novas gerações, a segunda é que
os agentes da modalidade desses tempos se afastaram dos pavilhões.
Esta realidade leva-me a colocar
algumas questões tais como:
1 - Por onde andam esses agentes que contribuíram para
que o basquetebol atingisse um nível organizacional e competitivo digno de ser
lembrado?
2 – O que originou que esses ex-atletas e não só se tenham afastado
dos recintos?
Neste cenário, recentemente criei
uma rubrica no meu blog (http://apbasketball.blogspot.com/
) a que dei o nome de Memorabilia, palavra que tem o significado de um conjunto
de coisas ou acontecimentos memoráveis. A referida rubrica tem o intuito de honrar
o passado e de dar a conhecer os feitos dos homens e mulheres do nosso basquetebol.
A NBA assume que a sua liga gira
em torno dos jogadores e são estes que têm o poder de atrair os adeptos/fans:
Na realidade desportiva nacional não é de descurar a paixão clubística dos
sócios e adeptos dos clubes para aumentar a ocupação dos pavilhões.
As entradas na NBA de “Magic”
Johnson e Larry Bird, com a rivalidade existente entre ambos já do tempo
do campeonato universitário, permitiram reavivar e alimentar a rivalidade entre
este vs. oeste, dos Lakers vs. Celtics. A competição, para além
de tornar os jogadores melhores, contribuiu de forma decisiva para construir a imagem
da NBA, e para a tirar a liga do buraco em que se encontrava na sequência escândalos
e prejuízos financeiros.
Com Michael Jordan e outros jogadores
a NBA, ganhou notoriedade, visibilidade e internacionalizou-se. Kobe
Bryant soube aproveitar o advento da internet, das redes sociais, das transmissões
via satélite, colocando definitivamente o basquetebol da NBA como um espetáculo
global e visto por milhões no mundo.
Isto é marketing.
Isto é
estratégia.
Isto é ter uma visão de onde queremos chegar!
Assente na visão de David Stern, comissário
nos anos 80, a NBA transformou-se e passou a melhor e maior liga
desportiva do mundo. Foram criadas a NBA.com, regras de conduta, códigos
de vestuário para os jogadores (https://en.wikipedia.org/wiki/NBA_dress_code),
começou-se a usar a tecnologia, redes sociais, e institui-se o apoio a causas.
A NBA globalizou-se e, de repente passou a ser uma organização de referência
no marketing e comunicação, uma máquina de fazer dinheiro!!! Com isso, os seus
jogadores passaram a ganhar milhões e as suas equipas exponencialmente, o que
muito agradou aos atletas e proprietários, principalmente quando as equipas são
vendidas (atualmente o valor médio de uma equipa é de 2.1 biliões de dólares,
representando um crescimento de 600% na última década, sendo que a receita das
trinta equipas é de 8.8 bilhões de dólares).
Por outro lado, os jogadores passaram
a ser admirados e seguidos em todo o mundo, muitos deles tornaram-se ícones da
moda, entrepeneurs, investidores, comunicadores, aproveitando todos os
momentos para comunicarem com os adeptos, criando assim uma empatia e
capitalizando ao nível de patrocinadores e reconhecimento.
Isto é marketing
pessoal.
Em Portugal, o Benfica teve momentos de afirmação na Taça dos Campeões Europeus com vitórias
sobre Panatinaikos, Real Madrid, CSKA, Juventud de Badalona entre outros.
O
FC Porto teve igualmente momentos de glória na Saporta Cup e EuroCup (1997 e
2000) com record de vitórias de 12-4 e 11-5, respetivamente, tendo em ambos os
anos chegado aos quartos-de-final da competição. Se no ano de 2000, tivesse
chegado ás meias-finais, Portugal teria colocado uma equipa na Euroliga, o que
teria sido excelente para o basquetebol Português.


O C. Atlético de Queluz chegou
a vencer 40% (4v-6d) dos seus jogos na ULEB Cup, sob a liderança de Alberto
Babo, tendo vencido Pamesa Valencia de Espanha, e posteriormente chegou á final
regional da FIBA Eurochallenge jogada em França, fase onde esteve envolvida a
Ovarense. Portugal Telecom, Oliveirense e CAB Madeira entre outras também tiveram
bons percursos. A Ovarense foi um dos clubes que mais vezes participou nas
competições europeias e que habituou os seus adeptos a grandes momentos de
basquetebol. No início da sua aventura europeia recebeu a equipa KK Split - conhecida
por Jugoplastika ou Pop 84 - com uma geração de ouro onde despontava Tony Kukov,
que mais tarde jogou nos Chicago Bulls (de Jordan e Pippen) e nos habituou a
grandes momentos de basquetebol e de grande exigência.
No Campeonato da Europa de
2007, em Espanha, a seleção nacional de seniores masculinos, alcançou um
brilhante 9º lugar na classificação final. Este foi o corolário do
trabalho de uma brilhante geração de dirigentes, treinadores e jogadores. Na
equipa das quinas, vários jogadores representavam equipas de outros campeonatos
europeus, tais como Espanha e Itália, demonstrando a qualidade desses atletas. Neste
momento, quantos jogam na Europa? Na segunda divisão espanhola (LRB Oro) temos um
jogador, e mais alguns, e depois só existem portugueses em escalões de
competição mais baixos. No feminino a situação é diferente, havendo um maior
número de atletas na europa.
Com todo o acumular de experiências
e vivências, porque não aproveitamos os nossos ex-atletas e ex-treinadores para
partilhar conhecimentos e experiências com os jovens jogadores e treinadores?
A Festa do Basquetebol Juvenil,
que vai ser levada a efeito brevemente, bem que poderia aproveitar estes ex-jogadores
para poderem passar uma mensagem do seu percurso de vida e desportivo e, ao
mesmo tempo. acompanhar as equipas dos seus distritos, servindo de fator
motivacional.
Em relação á competição NBA Jr.
que envolve as escolas portuguesas, a sugestão é clara: nas jornadas concentradas,
a presenta e apoio destes ex-jogadores e ex-treinadores deve ser uma realidade na
tentativa de motivar e recrutar novos valores para o basquetebol. No sorteio da
competição tivemos a presença de pessoas estrangeiras, durante o ano poderíamos
ter as antigas figuras nacionais a contar as suas histórias, a apoiar os
treinadores, o que servindo também de motivação, tal como Kobe usou o storytelling
para motivar os mais novos, tendo mesmo ganho um Oscar de Hollywood?
Rodearmo-nos de pessoas com mais conhecimentos,
experiências e saber ouvi-las são algumas das soluções de como
podemos crescer e melhorar as nossas competências.
Honrar o passado através da Memorabilia, é o meu
contributo para com os que deram ao basquetebol o melhor da sua vida. Pretendo,
com isso, dar a conhecer os seus feitos e as suas aventuras basquetebolísticas,
independentemente das suas funções, dos seus clubes, não branqueando a história
do basquetebol português que já teve capítulos de enorme grandeza.
António
Pereira