À
margem do Campeonato Mundial de Basquetebol, que decorre em Espanha, a FIBA e a
FEB têm demonstrado intensa atividade, numa manifestação inequívoca de que
estão vivas, apresentam dinamismo, percebem o que as rodeia e, igualmente
significativo, que procuram melhorar as suas estruturas e imagens para serem
mais sólidas no futuro, evitando ver o seu espaço ocupado por outra atividade. Estes
sinais confirmam que o basquetebol tem futuro.
As
11 reuniões realizadas pelo Comité Central da FIBA no quadriénio 2010/2014
foram fundamentais para definir e monitorizar a estratégia para o basquetebol
no planeta, num movimento que recebeu o acompanhamento das diferentes
organizações FIBA continentais. Quem observa basquetebol à escala máxima e numa
visão de 360 graus verifica que, efetivamente, existe evolução, não percetível
a quem vive a modalidade exclusivamente na sua base e em Portugal.
A
FIBA estabeleceu, entretanto, um protocolo de cooperação com uma empresa
americana cujo objetivo é a de esclarecer e alinhar a sua própria estrutura de
acordo com a estratégia pretendida, bem como implementar alterações às
prioridades anteriormente definidas. E que são quatro:
1
– Alterações à estrutura da FIBA
2
– Construção da casa do basquetebol (pretensão cumprida na primavera de 2013)
3
– Desenvolvimento do 3x3
4
– Implementação de uma nova calendarização das competições internacionais de seleções
para entrar em vigor a partir de 2017
Conclui-se,
perante estes dados, que a FIBA está disponível para implodir conceitos já
fossilizados nos seus regulamentos e outros com pouco mais de uma década e adotar
iniciativas mais modernas, satisfazendo as necessidades dos desafios que se
aproximam e adaptando-se à evolução da sociedade. Por exemplo, aquilo que era
apenas um desporto, passou a ser também um modo de vida e um negócio. E a FIBA
adaptou-se.
Mas
neste percurso evolutivo que todos assistimos, surgem, também, algumas
armadilhas, já muito expostas noutras modalidades, naquelas em que o vínculo ao
negócio está mais próximo, casos do ciclismo e futebol. A procura por dinheiro
fácil promoveu e sustentou negócios paralelos e esquemas fraudulentos
associados ao doping e aos jogos de resultados viciados para as apostas. O
basquetebol estará imune a estes tormentos? Pelos vistos, não.
Apesar
de não ser um assunto incómodo, como o é para o ciclismo, a FIBA pretende ser
proactiva sobre o doping, tendo definido o programa ‘Joga bem, mas joga limpo’,
entretanto adotado para este Mundial. Para isso, desde janeiro que foram tomadas
medidas para assistirmos a uma competição limpa e à chegada das diversas
comitivas aos hotéis em Espanha foram recolhidas amostras sanguíneas e de urina
dos basquetebolistas para permitir, também, a elaboração dos passaportes biológicos
individuais, numa ação que conta com a estreita colaboração de vários
organismos nacionais de anti-doping.
A
FIBA sabe que a modalidade só sobrevive e é potencialmente atrativa para
patrocinadores e investidores se for credível e transparente aos olhos da
opinião pública e da Imprensa. Ao mesmo tempo que o basquetebol evolui, nunca
se pode descurar a credibilização do desporto, das suas regras e dos seus
principais agentes. É crucial esta ideia e passá-la para o exterior.
Do
ponto de vista da comunicação e imagem, a FIBA deu mais um passo francamente
evolutivo ao estabelecer um acordo com a rede social Twitter, válido para os
Mundiais masculino (Espanha) e feminino (Turquia). A acompanhar esta inovação,
surgem as aplicações para os sistemas Android e iOS, também para acompanhamento
em tempo real dos jogos. A FIBA reconhece que, na atualidade, para além da
Imprensa escrita e televisões, o seu produto tem de chegar ao consumidor por
outras vias. Vivemos numa sociedade ‘mobile’ e global, na qual os ´smartphones’,
‘tablets’ e as redes sociais assumem um papel vital.
Transmitir
uma mensagem positiva é essencial numa iniciativa desta amplitude e isso mesmo
é reconhecido pelo presidente da FEB. Na cerimónia de receção aos voluntários, José
Luis Saez sublinhou que o mais importante era a marca Espanha sair beneficiada
deste Mundial, deixando um legado e transferência de conhecimento, mais do que
uma possível final Espanha-EUA. Com isso, acrescentou responsabilidade ao papel
dos voluntários. O secretário de estado do desporto espanhol, Miguel Cardenal,
acrescentou que em Espanha as pessoas vibram com o desporto e que os
voluntários tornam isso possível. Isto significa, também, que para atingir os êxitos
é necessário que as pessoas e as instituições sejam geridas com paixão.
Em
Portugal, é essa paixão e dedicação que os dirigentes da nova estrutura
federativa devem ter, para despertar a paixão nas direcções associativas
regionais, nos clubes, noutros agentes desportivos e nos diferentes amantes da
modalidade. Para isso é fundamental alinhar a estratégia desportiva à política
de comunicação, num exercício sustentado em estudos que indiquem quais os
problemas existentes e perspetivem os caminhos a percorrer. Só a congregação das
pessoas do basquetebol à volta de um projeto nacional será possível catapultar
o basquete para o lugar que esteve e que pode vir a estar. Há que seguir as
pisadas da FIBA…
António
Pereira
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