Ultimamente diversas pessoas têm falado comigo e tenho lido
igualmente diversos textos sobre o percurso de um jogador estrangeiro e como se
pode melhorar ou condicionar de forma administrativa a inscrição de um jogador
estrangeiro.
Como principio quando se contrata um jogador deve-se colocar
uma questão: Qual a importância de um jogador estrangeiro da equipa ?
Para mim e penso que para a generalidade dos diretores
desportivos e dos treinadores de um equipa a contratação de um jogador
estrangeiro tem como objetivo a melhoria do seu plantel e dotar a equipa de um
jogador que contribua para o alcançar um determinado objetivo.
Não é só por esta via que uma equipa pode melhorar, mas esta
solução é das que mais impacto pode ter no alcançar os objetivos estabelecidos.
Uma outra solução é a contratação de um treinador melhor e trabalho de melhor qualidade.
Mas vamos nos focar na questão do jogador estrangeiro.
Sempre parti de um princípio. Qualquer contratação de um
jogador estrangeiro deve ter como condicionante que este tem de ser melhor que
os jogadores Portugueses. Não faz sentido não ser assim. Também nunca dei valor
á nacionalidade e nunca quis fazer distinção entre jogadores denominados EC e
jogadores vindos de outras proveniências nomeadamente vindos dos USA.
Sempre me
pareceu ser uma melhor opção do ponto de vista económico tendo em conta que o
que se pretendia era o jogador mais competente.
Deve-se colocar uma questão, quais as condicionantes que
estão na origem da contratação de um jogador estrangeiro. Numa primeira fase o
orçamento disponível pela equipa e que é talvez o fator mais condicionante. Mas
não é o único. O nível competitivo para onde o jogador pode ir jogar e a
perspetiva de carreira desse mesmo jogador pode fazer com este aceite ou não ir
jogar para uma equipa e para um determinado país.
Portugal já foi um país que foi visto como um bom local para
desenvolver jogadores jovens. Desta forma vieram para Portugal muitos jogadores
que estiveram no nosso campeonato durante uma ou duas épocas e depois seguiram
a sua carreira num nível mais exigente e onde eram melhores remunerados.
Alguns jogadores mais experientes também vieram acrescentar
qualidade ao campeonato de então.
Nessa altura nunca se colocou a questão de onde vinham os
jogadores e porquê que nunca se colocou esta questão ? Simplesmente porque os
jogadores eram bons jogadores e o basquetebol português evoluiu com isso, os
jogadores portugueses evoluíram igualmente porque a oposição no treino e na
competição era mais fortes e isso fazia evoluir os jogadores de forma
generalizada. O reflexo no nível da competição era evidente.
Resultado desta fase foi o lugar que alcançamos em 2007 no
Europeu disputado em Espanha.
Então o que é que se passou seguir ?
Os orçamentos diminuíram abruptamente, a escolha dos
jogadores que eram feita de forma muito criteriosa passou a estar condicionada.
Muitas das contratações passaram-se a fazer-se através de um scouting ineficaz, os condicionalismos
económicos passaram a ter um peso grande, e isso teve como resultado que se colocasse
a questão, quem são e de onde vêm os jogadores estrangeiros que jogam em
Portugal.
Quero só deixar aqui as seguintes ideias:
- será que jogar na NCAA divisão I é sinal de qualidade ? não será melhor contratar um jogador que joga
e tem estatísticas interessantes num outro nível da NCAA do que contratar um
jogador que não tenha rotinas de jogo
- e quanto aos campeonatos Europeus ? se tivermos em conta
que o fator financeiro é aquele que mais pode influenciar numa contratação,
devemos então colocar quais são os campeonatos com que nos batemos pela
contratação de um jogador ?
- e o nível competitivo, será que o nível competitivo do
campeonato português é bem visto na Europa ou noutros continentes ?
Podíamos aqui continuar a colocar algumas questões mas a
conclusão na minha opinião será sempre a mesma. Observar os jogadores, obter a
maior e melhor informação possível, observar os jogadores no seu ambiente
natural, escolher os melhores entre os disponíveis e trabalhar muito no
dia-a-dia aquando da sua integração no plantel. Sem esta escolha criteriosa e
sem trabalho nada se consegue fazer.
Não se pode contratar só por se contratar, é preciso que um
jogador estrangeiro seja uma mais-valia para o plantel e para o nosso basquete
a questão é fazer as coisas bem-feitas como de resto em tudo.
António Pereira
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