
Quem não se lembra de histórias que se
contavam e que muitos viram de que era necessário mandar a bola para fora para
que a equipa adversária pudesse voltar a tocar bola? Lembram-se?
Na altura,
a Académica era um clube sui generis,
porque diferente em Portugal.
Quem
vinha jogar para a Académica procurava uma formação académica e obtinha
determinados privilégios por ser bom jogador de futebol ou ter potencial para o
vir a ser.
Vítor
Campos é um dos nomes de uma extensa lista de estudantes/atletas que se
formaram naquela altura e que, quer no seu percurso profissional, quer mesmo no
futebol, deram contributos importantes para a sociedade portuguesa.
No inicio
dos anos 70, quando comecei a frequentar o ensino secundário de então e a jogar
basquetebol, era normal vermos os jogadores de futebol da Académica na zona da
Praça da Republica ou no Gil Vicente, sinal de envolvimento na comunidade
estudantil e da cidade, bem como a ver jogos de outras modalidades da Académica,
nomeadamente o basquetebol.
Contudo,
o espirito da Académica dos anos 60, 70 e até 80 deixou de existir, por via da
evolução da sociedade e do desporto em particular.
Hoje, um
jovem atleta de futebol procura acima de tudo ser treinado por bons treinadores
que o potencializem e um clube/equipa que lhe permita desenvolver e mostrar
talento. Se tiver talento, pode construir uma carreira de sucesso e ganhar
dinheiro ou muito dinheiro, tudo depende do nível de competição e de equipa que
consiga atingir.
Num
contexto social e desportivo diferente, onde as organizações desportivas estão
inseridas numa indústria desportiva e de espetáculo, que Académica podemos ter
no futuro?
Mas podemos
e devemos ir mais além e perguntar o que é realmente a Associação Académica de
Coimbra – Organismo Autónomo de Futebol e a sua SDUQ? Quais são as
características da sua marca? Como se pode diferenciar dos outros clubes? Qual
a consistência da sua mensagem? Qual a sua real ligação à comunidade
estudantil? A cidade revê-se neste clube e equipa? Que potencial económico tem?
Consegue sobreviver ou atingir um patamar de excelência ou de ótimo com um SDUQ
ou terá de se constituir uma SAD onde a Académica detenha a maioria do capital?
Num
momento triste para a história do futebol da Académica, para a família Campos,
para o núcleo de veteranos de futebol da Académica uma boa homenagem que se
poderia fazer ao grande Vítor Campos era que a Académica-OAF do século XXI
fosse algo com que nos identificássemos e que voltasse a ser uma marca de referência
na indústria desportiva.
Vítor
Campos, obrigado pelas memórias que me deste e que permaneças em paz.
António
Pereira
Ex-atleta
de basquetebol da AAC e CAC
Ex-treinador
da AAC
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