1. As competições de clubes já começaram um pouco por todo o Mundo.
Passos de gigante têm sido dados em várias vertentes, nomeadamente na área do marketing
e comunicação em diversos campeonatos que, infelizmente, não o de Portugal.
Ao abrir o sítio da FIBA somos informados sobre o
número de pessoas que seguem a sua página através das redes sociais Twitter, Facebook, Youtube, e Mobile App. O mesmo sítio dá-nos ainda a
possibilidade de subscrever a sua newsletter
diária.
Em Espanha, nomeadamente a Liga ACB, acabou com o
seu famoso guia da ACB. Melhor dizendo: acabou em papel e passou a ser
exclusivamente digital, sendo que desta forma passou a estar disponível para
muitas mais pessoas, em todo o Mundo, de forma gratuita e ecológica. Não é por
acaso que a ACB quer afirmar-se como o segundo campeonato mais importante do
Mundo, logo a seguir à NBA.
Ao nível da NBA, as notícias são demasiado
importantes para passarmos ao lado delas. As equipas da NBA bateram o recorde
de vendas de bilhetes anuais de ingressos. Para isso muito contribui o
departamento de marketing de cada organização desportiva, que trabalham
a sério, quer seja na rua, quer ao telefone a vender o seu produto.
Ainda ao nível da NBA, o número de atletas
internacionais ultrapassou o número 100. Isto significa que, potencialmente,
haverá mais pessoas espalhadas pelo planeta a ver jogos da NBA.
Steve Ballmer, ex-CEO da Microsoft que recentemente comprou os Los Angeles
Clippers, está a fazer tudo o possível para que a interação com o público seja
uma mais-valia para o espetáculo desportivo da sua equipa e por isso vai lançar
uma aplicação onde os espetadores podem escolher a jogada que querem ver a ser
repetida no marcador eletrónico e onde aparecerá o nome do contemplado.
Para mim, a publicação do vídeoclip Together, (http://www.youtube.com/watch?v=n6S1JoCSVNU&feature=youtu.be) sobre o regresso de Lebron James, aos Cleveland
Cavaliers e á cidade de Cleveland vai ficar para a história do marketing
desportivo pelo impacto que teve ao nível da sua comunidade e ao nível global.
Se ainda não viu não perca.
2. Por cá, em Portugal, os passos não são de gigante. Nem perto nem de
longe.
Um dos temas quentes é a estatística. Será que
não conseguimos fazer a estatística de um jogo e colocar a informação online? É difícil de acreditar mas
parece que é uma realidade. Por vezes, até saber os resultados dos jogos é
difícil. E porquê? Já vi diversos jogos do sector feminino onde as equipas nem
sequer apresentam 10 jogadoras (foram vários e locais diferentes do país e
clubes diferentes). Não é este o sector de referência em Portugal para o nosso
basquetebol?
Neste fim de semana, mais uma vez algumas
competições não tiveram jogos, as equipas da 1ª divisão (terceiro nível
competitivo - detesto mesmo este escalonamento de nomes) vão ficar sem jogar
bem como as equipas de formação, motivo: há uma reunião de árbitros. Coitados
dos dirigentes, dos treinadores e jogadores. Eles que pagam para jogar têm de
parar para haver uma reunião de árbitros, que são pagos para desenvolver a sua
função.
Quanto ao tema eleições para a Federação
Portuguesa de Basquetebol (FPB) parece que é um assunto que não tem suscitado
um grande interesse público. Muito por culpa da letargia que a modalidade vive,
pela forma como os envolvidos escolheram fazer as suas campanhas. Isto é, um tour pelas diversas associações do país
onde poucas são as presenças. A ausência de um debate de ideias é
significativa. E prenuncia que dificilmente algo será mudado na gestão da FPB.
Todos sabíamos que as eleições seriam entre o mês
de Setembro ou Outubro. E que duas pessoas se perfilaram como candidatas.
Não é assim aceitável que não estejam preparadas,
que não tenham constituído as suas equipas de trabalho a tempo e horas e
divulgado, que não tenham um programa, que não tenham soluções, que não tenham
recursos para os diversos dossiers.
Não é aceitável que somente apresentem desculpas,
alegando que não se sabe como resolver o problema ou a crise. A crise pode
condicionar mas não é aceitável como desculpa. Até será descabido, porque a
maior parte das pessoas não anda basquetebol por dinheiro, ainda que, na minha
opinião, a FPB deva ser dirigida por profissionais.
Por isso, precisamos de pessoas com competência,
disponíveis e apaixonadas pelo basquetebol. Pessoas que pensem o basquetebol
durante as 24 horas do dia. Que acordem a pensar basquetebol, que passem o dia
a trabalhar e a pensar basquetebol e que durmam a sonhar basquetebol.
Não precisamos de pessoas que tenham a sua vida
de tal forma ocupada que ainda vão ter de se preocupar com o basquetebol,
modalidade que, porventura, lhes deve dizer muito, mas que exige deles mais do
que podem dar infelizmente.
Uma outra preocupação e até surpreendente são que
o sector de marketing e comunicação esteja completamente ausente do lote
dos vice-presidentes de uma das listas. Não se percebe. Já ouvi dizer que essa
função seria desempenhada por alguém de fora da federação e pro bono.
Por favor! Quem paga as contas deles? Em muitos sectores, a “borla” e a “graça”
significa muito pouco trabalho, pouco empenhamento. Espero estar enganado.
Da leitura da situação espera-se pouco de uma
possível alteração de procedimentos. A FPB vai continuar a ser dirigida por
três/quatro pessoas, que gerem o dia-a-dia e que já lá estavam, e essa não é a
minha visão nem de muitas outras pessoas.
Como tal, pode significar a possível continuidade
daquilo que foi feito, a preocupação com o presente, e pouca atenção a uma
perspetiva de futuro.
Dificilmente aceito que Mário Saldanha seja o
único responsável de tudo o que se passou de mal na FPB. Sê-lo-á como líder,
mas também fez coisas boas. É preciso saber honrar o passado, e isto é algo que
nem todos sabem fazer. Distanciarmo-nos quando nos convém não me parece
correto.
Espero que não cheguemos à situação de pensarmos
que mais valia ter ficado Mário Saldanha. Pois o maior problema deste dirigente
foi o de não saber rodear-se de pessoas competentes, disponíveis e
profissionais.
3. Um alerta: espero que os delegados da Assembleia Geral da FPB não
tenham jogos marcados para o dia das eleições. Seria uma vergonha para a
modalidade.
4. Uma curiosidade: pensei em assistir a uma sessão de esclarecimento de
candidatos à FPB numa associação. Fiz um contacto com um responsável.
Disseram-me que a sessão não era pública. Será por coisas como esta que o
basquetebol não é público?
António Pereira
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