O estado atual do basquetebol é parecido com uma grande
família que não se entende dando assim uma imagem negativa para o exterior.
Mas será que nos últimos anos, houve paz na família
basquetebolista?
No sentido de contribuir para uma melhoria do ambiente no
basquetebol tenho escrito diversos textos, textos esses que normalmente têm
propostas estruturantes para a nossa modalidade e que antecipam problemas.
Aliás um dos grandes males do basquetebol português destes últimos anos tem sido
sempre o de correr atrás do prejuízo, tornando-se reativo em vez de
pró-ativo.
Mas esta dificuldade em arrancar a época era um cenário
previsível. Os Clubes não gostaram do modelo competitivo nomeadamente quanto ao
aumento das despesas. Os árbitros não gostaram de saber por outros que os seus
prémios iriam sofrer um corte, e de uma forma algo natural previa-se o que veio
a acontecer.
Aliás esta falta de atitude pró-ativa de todos os envolvidos
na modalidade levou o basquetebol á falta de credibilidade, á falta de sustentabilidade
e aqui não falo só do problema financeiro mas também de outros aspetos que
contribuem para os diversos itens da sustentabilidade tal como a formação, á
falta de apoios através da falta de parcerias ou dificuldades em as
concretizar, do problema de não gerar receitas, da necessidade de captar e como
o público, e da ausência do espetáculo ou até mesmo da incerteza do resultado.
Neste cenário não é possível colocar o basquetebol em
primeiro, nem sequer em segundo.
Por forma a colmatar este problema e recuperar a paz há
necessidade de envolver as diversas parte na solução do problema.
Uma dessas fórmulas pode muito bem ser o de criar um conselho
de gestão das competições onde várias partes estejam presentes no sentido de
estudar os problemas, antevendo cenários, agindo em prol do basquetebol num
cenário onde os contributos das diversas partes são importantes.
Este conselho de gestão deve gerir uma ou mais competições sem
retirar a legitimidade e autoridade ao Presidente da FPB, mas bem pelo
contrário dando-lhe legitimidade e força. Neste conselho devem estar
representantes da FPB, dos clubes, de treinadores do nível competitivo
correspondente como representantes da ANTB ou não, da ANJB, e da associação de
jogadores quando estes quiserem e tiverem uma associação ativa e representativa
dos diversos atletas. Neste grupo devem estar ainda pessoas ligadas ao
marketing e comunicação porque estas duas áreas são fundamentais para qualquer
organização que se queira afirmar num mercado competitivo e não tenho dúvidas
que este é um mercado altamente competitivo e disputado.
Existe uma expressão do género ”não te ponhas a inventar que
já está tudo inventado”, e nesta situação não estamos a inventar nada. A NBA
tem o conselho dos governadores onde se fala dos problemas encontrados e das
soluções possíveis. Depois de um tempo de reflexão o dito conselho volta a
reunir para os temas serem novamente discutidos sendo na sequência disso
aprovado ou não.
É claro que a NBA tem uma missão clara e uma visão que não
deixam dúvidas, os valores que defendem e a o seu logo, fazem parte da sua
identidade e todos sabem do que se espera da NBA quando este nome é referido.
Mais que inventar é preciso adaptar os bons exemplos das
organizações e felizmente a NBA é uma delas existindo a necessidade pensar fora
da caixa ou ver o grande quadro “the big picture” da situação.
A realidade do basquetebol nacional é diferente. Os diversos
clubes têm problemas diferentes. estruturas e realidades diferentes a diversos
níveis, os treinadores a mesma coisa, uns são profissionais e outros embora
muitos tenham uma atitude profissional exercem uma outra profissão.
Em relação
aos jogadores a mesma situação, uns são profissionais e outros ganham algum
dinheiro mas são estudantes ou trabalham mesmo. Em relação aos árbitros que
muitos falam e escrevem sobre a sua qualidade mas que neste momento são os
primeiros a mandar pedras, tenho a ideia de que existem alguns que são muitos
bons, que existe um conjunto alargado com bastante potencial e depois temos as
assimetrias regionais ou nacionais.
Com tanta dispersão de realidades e interesses só uma grande
capacidade de gerar consensos pode tirar o basquetebol do abismo onde se
encontra. E deste modo não é fácil um grupo tão restrito de pessoas como o que
gere a FPB (Federação Portuguesa de Basquetebol) ter sucesso. Usando mais uma
expressão “como os mesmos procedimentos repetidos sistematicamente não podemos
esperar resultados diferentes”.
Há distância de um teclado ou de um microfone é fácil
escrever nas redes socias ou falar numa rádio ou televisão, mas de uma forma
consciente podemos afirmar que os diversos stakeholders
do basquetebol estão cansados e zangados com este basquetebol que não serve
ninguém.
Este pode ser o momento que o basquetebol precisava para unir
a família e colocar no top das prioridades o envolvimento de todos para que o
basquetebol recupere o prestígio, até porque adiar pode ser o despertar de
novos problemas que se advinham.
António Pereira
Nota de esclarecimento: Este texto foi escrito no dia 11 de
Outubro de 2015 e disponibilizado no mesmo dia e seguintes a pessoas diversas e
teve como objetivo o contribuir para uma reflexão sobre os problemas atuais do basquetebol português.
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