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Wednesday, September 16, 2015

FIBA – apresenta novo sistema de competição

A FIBA no início desta semana apresentou o novo sistema de competição que terá início em 2017.

Numa conferência de imprensa bem como num workshop onde estiveram presentes diversas Federações Nacionais, o Diretor Executivo da FIBA, Sr. Kamil Novak, o Diretor das Competições e FIBA Sport Sr. Predrag Bogosavljev e o Diretor de Comunicação Sr. Patrick Koller, explicaram as diversas vantagens deste modelo que vai ter ciclos de 15 meses de competição com jogos em casa e fora.

O apuramento quer para o campeonato do Mundo de 2019 bem como para o Eurobasket 2021, no que diz respeito aos países europeus estes serão divididos em Divisão A e Divisão B.

Com o novo sistema os fans terão a oportunidade de dar apoio às suas seleções nacionais, sendo que serão jogados 1250 jogos com a participação de 140 países.

Esta é uma oportunidade para surgimento de novas selecções, de jogadores e uma maior oportunidade para o desenvolvimento de novas parcerias.


Fonte: FIBA 

Tuesday, September 1, 2015

O basquetebol em ….

Num país onde a cultura futebolística predomina, uma das muitas táticas usadas é a do pontapé para a frente, sendo por vezes esta tática também usada ao nível da gestão de algumas organizações do nosso no basquetebol.  

Sem uma liderança forte, sem uma visão ambiciosa mas possível de concretizar e sem uma estratégia bem delineada, restam as medidas avulsas que se parecem mais com o pontapé para a frente do futebol do que com algo pensado e que possa ser executado de forma sustentável levando à questão: será que o basquetebol está na direção de um basquetebol primeiro?

Concretizando o que anteriormente escrevi, parece-me absolutamente incrível e inaceitável que se possa alterar o sistema de competição imediatamente depois dos campeonatos terminarem e poucos meses antes de começar a época seguinte. Qualquer alteração teria sempre de se concretizar na época imediatamente a seguir e não na que vai começar. Pelo respeito pelo trabalho desenvolvido e planeado pelos diversos clubes, pelo trabalho dos treinadores, pelo suor dos jogadores, por uma questão de igualdade de oportunidades, por questões de ética, isto simplesmente não se faz. É um absurdo. Na LPB tal como na Proliga colocam-se algumas questões: Porquê primeira fase e segunda fase? Porque não outro sistema? Porquê oito equipas e não 10 ou menos? Porquê o critério geográfico?

No que diz respeito ao novo formato da LPB, considero que demos mais um passo atrás. Depois das três voltas, isto no tempo em que as equipas da LPB faziam uma jornada em campo neutro ou no tempo que LPB e Proliga se cruzavam uma vez e sem qualquer tipo critério, voltamos a um modelo que há mais de vinte anos se revelou sem interesse. Este, aliás, foi um dos argumentos usados na altura para acabar com a segunda fase da época regular. Compreendo que se pretenda realizar mais jogos mas, fazer jogos só por fazer não traz benefícios a ninguém. Não compreendo.

No que diz respeito à Proliga sabemos que existem mais equipas a norte do que a sul, por isso, será este o melhor critério? A equipa do Olivais Futebol Clube, que perdeu um jogo durante a época regular nas diversas fases da competição e que perdeu o jogo da final do norte, perdendo assim o direito de subir diretamente à Proliga, é seguramente a equipa mais prejudicada. Uma outra questão é saber se o campeonato será competitivo e se desperta interesse. Quanto à questão dos custos, é natural que diminuam, mas não me parece que sejam relevantes, especialmente depois da desistência do Imortal de Albufeira que foi substituída por uma equipa do arquipélago dos Açores.

Um outro motivo de preocupação é o aumento do número de jogadores estrangeiros. Indo contra a tendência europeia onde somente dois países (Espanha e Itália) fazem distinção entre jogadores estrangeiros e jogadores comunitários ou com os quais a Comunidade Europeia tem acordos, surgem, agora, os dirigentes da FBP, que sempre se revelaram defensores do jogador nacional, aumentar o número de jogadores estrangeiros. No que diz respeito aos jogadores que vieram para Portugal durante a sua formação, foi-lhes dada a possibilidade de serem equiparados a jogadores nacionais desde que tenham jogado duas épocas em Portugal até aos sub20. Se o escalão sub20 deixou de existir ao nível nacional porquê os sub20 como critério? Se um jogador vier para Portugal com 19 anos e jogar duas épocas pode passar a jogar como equiparado a um qualquer outro jovem português. Pergunto: será que fez formação em Portugal? Devo dizer que nunca vi nenhum jogador ser formado em duas épocas, mas pode ser que alguém consiga fazer o milagre.

Um outro tema foi o Fórum do Basquetebol Primeiro onde algumas pessoas (poucas que eu saiba) tinham algumas expetativas do que sairia dali. Uma explicação: enviei dois documentos para o email do Fórum como forma de contribuir para a discussão dos temas propostos. No dia 7, pelas 0.40 horas recebi um convite para fazer uma apresentação de cinco minutos. Propus fazer uma apresentação nunca inferior a 15/20 minutos por forma a fazer uma apresentação consistente com os diversos temas que tenho abordado. Tinha pensado em abordar o tema: O rebranding do basquetebol português. Perante o não a este meu pedido, achei que não devia estar presente, continuando a minha estadia no local de trabalho onde me encontrava. Como é óbvio, fico satisfeito que se tenha realizado o Fórum, no entanto, fico desapontado pela quantidade de pessoas presentes - disseram-me que seriam pouco mais de 100 -, número revelador do afastamento e do desinteresse dos agentes da modalidade, e não só, e o pouco interesse dos temas propostos. Também sei que se ficou com a ideia de que pouco ou nada do que ali foi discutido seria colocado em prática.

As questões que se colocam ao basquetebol português são:
- Credibilidade da modalidade;
- Sustentabilidade financeira da FPB, clubes e diversas competições;
- Modelos das diversas competições;
- Plano estratégico do basquetebol;
- Plano de marketing e comunicação;
- A criação da marca basquetebol e seus diversos produtos;
- Captação e retenção dos diversos stakeholders (organizações desportivas, dirigentes, treinadores, atletas, árbitros, patrocinadores, comunicação social, público).

Numa competição dita amadora mas na qual todos auferem vencimentos, sob a forma encapotada de subsídios; na qual os clubes se queixam de que não existem jogadores portugueses de qualidade; na qual os atletas nacionais de qualidade não estão ao alcance financeiro da maioria dos emblemas; na qual os clubes dizem não ter capacidade financeira para fazer face às despesas de participação no campeonato - a competição é gerida por uma organização amadora, por pessoas amadoras, que gerem dezenas de processos ao mesmo tempo, sem uma visão, sem visibilidade, e sem um plano estratégico claro para os problemas.

E quais foram as soluções encontradas pela FPB para fazer face aos diferentes problemas? Aumentar o número de jogadores estrangeiros e aumentar o número de jogos, numa espécie de pontapé para a frente.

Este é o momento em que as soluções devem ser criteriosas, transparentes e que devem emergir no quadro de um grupo de trabalho e com o envolvimento de todas as partes.
Parece-me claro que a resolução destes problemas só é possível quando as organizações desportivas (clubes e dirigentes), atletas (ganhem menos dinheiro, mais dinheiro, sejam profissionais ou amadores), treinadores (sejam estes antigos atletas, tenho pena que não hajam mais, ou professores de educação física), e árbitros (os acusados de que não quererem baixar os prémios mas que não recebem esses mesmos prémios como é público) tenham uma voz ativa e de conjunto na gestão da competição. É fundamental e exige-se uma posição de grupo, onde possam exigir serem geridos de forma profissional, com competência e rigor.

Este é o conjunto de pessoas ou entidades que no dia-a-dia, semana a semana, mês a mês, ano a ano sentem na pele o impacto das más ou boas decisões da FPB, afetando a estabilidade da organização, a carreira dos diversos intervenientes no jogo, profissionais ou não. Estas são as pessoas que podem tirar o basquetebol do lugar em que está. E que já não é o de primeiro das modalidades de pavilhão.

Numa sociedade que gosta das pessoas politicamente corretas, mantenho-me de forma construtiva a dar voz por um ideal, por um sonho, que sei ser possível concretizar. Este não é, aliás, o sonho de uma pessoa só. É o sonho de muitas pessoas do basquetebol e da necessidade de uma modalidade que tem de se adaptar a um mundo diferente, competitivo e inovador, aliás algo que o basquetebol já teve antes de ser atirado para o lugar em que está.

Não há lugar para ilusões, o basquetebol compete numa selva de eventos onde todos procuram atrair público, patrocinadores, a atenção da comunicação social, etc. Não é com medidas avulsas e com uma gestão amadora que resolvemos o problema.

Eu quero o basquetebol num patamar de excelência independente da sua função e do seu status (amador ou profissional) de quem está no basquetebol, quero ver bons jogadores, jogar, equipas a praticarem um bom basquetebol, lideradas por treinadores competentes e dirigidas por dirigentes com visão para que o basquetebol seja, efetivamente, primeiro. 

António Pereira