Após muito ponderar sobre os conteúdos que escrevi queria deixar
aqui mais algumas ideias.
1 – O antes, o durante e o depois
Seja qual for a idade de alguns dos diversos agentes do
basquetebol, nomeadamente dirigentes, treinadores e pais (mesmo os mais
recentemente chegados á modalidade), nesta altura já terão chegado ás seguintes
conclusões:
A - O custo da prática da atividade sempre foi um problema.
Houve uns mecenas, houve uns quantos amantes da modalidade que adiantavam
dinheiro do seu bolso, mas pagar as despesas foi sempre um problema;
B – O número de pavilhões a ser usados pelas diversas equipas
também sempre foi uma realidade;
C – A favor havia uma coisa que eu considero que era
fundamental. Os jovens eram treinados pelos sues ídolos de então. Muitos eram
os jogadores seniores que sem qualquer tipo de curso de treinador e sem
necessidade de créditos ensinavam os fundamentos do jogo e pouco os X’’s e os
O’s. Os jovens preocupavam-se em dominar a bola, marcar cestos e evitar que a
equipa adversária marcasse pontos;
D – Todos queríamos jogar em seniores. Na altura, não havia a
perspetiva de se ter uma carreira desportiva profissional, mas sim o desejo de
jogar ao máximo nível da competição, e isso refletia-se no empenho, no número
de presenças aos treinos e na vontade de aprender e de competir. Jogar, mais
jogar e voltar a jogar. Era o que todos queríamos. Festas ou convívios não
existiam. Existia era competição, um desafio no fundo semelhante ao que os
jovens competem nos seus smarthphones ouplaystations ou
computadores com outros jovens. A diferença, pela positiva, é que naquela
altura víamos o rosto dos nossos opositores;
E – É assim que eu apesar de compreender os inúmeros problemas
porque os clubes passam, e nada me leva a crer antes pelo contrário que os
problemas são realmente verdadeiros, que se pense que alguma vez possamos
voltar a reencontrar o mesmo estado de espirito que existia. Não é sinal dos
tempos. É sinal da mensagem que é passada, como é passada e por quem é passada;
F – Como se os diversos problemas já não fossem poucos,
entretanto nas últimas décadas, passou a haver uma enorme pressão por parte do
sistema escolar em que uma simples décima pode alterar por completo a
perspetiva de um ou uma jovem no que diz respeito ao seu futuro profissional e
com tudo o que daí pode advir para o seu futuro;
G – Neste caso estamos muito distantes do sistema americano onde
os jovens atletas recebem bolsas para frequentar uma determinada universidade
em troca dos seus préstimos desportivos. Os que já tiveram oportunidade de ver
ou aos que não viram, só vos posso dizer que é algo de inimaginável. Existem
eventos que colocam inclusivamente o nome das universidades presentes e, então,
é ver os jovens a lamberem literalmente o chão, a não dar espaço ao seu
adversário direto, a demonstrar os seus atributos ofensivos. Quais X’s ou quais
O’s. Ali, eles estão a lutar por ter acesso a uma educação e uma perspetiva de
vida que o desporto lhes pode proporcionar e que dificilmente terão se não for
desta maneira. Este problema por norma não se coloca na prática do basquetebol
em Portugal;
H – Pode muito bem ter sido estes alguns dos fatores que levou e
que leva tantos rapazes e raparigas a optarem pela prática do futebol porque
através do treino, do talento pessoal poderem ter uma vida muito diferente e
que muitos pais apoiam;
Não podemos dizer se essa perspetiva de vida pode ser para
melhor ou se para pior, até porque vários são os exemplos de muitos atletas de
elite que não souberam gerir as suas vidas e as suas finanças e que acabaram na
falência, mas isso é um outro tipo de problema.
I – E depois disto tudo o que fazer?
Será que repetir algumas das ações que tiveram sucesso no
passado podem voltar a ter resultados positivos num quadro social e económico
diferente?
Quando é que vamos perceber e aceitar que existem diversos
basquetebóis e quando refiro diversos não me refiro a sexo, idade, mas sim
realidades, contextos, motivações, objetivos e estádios de desenvolvimentos.
Promover o encontro de jovens para a prática da modalidade seria
um bom principio.
Ensinar o gosto pelo jogo de forma simples, também não seria
mau.
Convidar os atletas mais velhos, velhas glórias que já poucos
conhecem (!) mas que alguns são bons a contarem histórias também não era mau.
E se aliarmos isto tudo aquilo que são os novos desafios a que
os jovens de hoje tão bem se entregam e se sentem atraídos, acho que seria
ótimo.
Mas para que isto aconteça a técnica do olhometro já não
funciona.
É preciso analisar, planear ações, criar objetivos, orçamentar,
avaliar e isto teria de fazer parte de um plano estratégico de marketing e
comunicação. Plano este que não pode ser só um plano só da Federação Portuguesa
de basquetebol. Este plano tem de ser muito mais amplo e ser levado a efeito,
pelas associações e clubes, porque existe muitas ações, demasiadas diria eu,
mas que só levam á dispersão dos recursos e nós devíamos querer é concentrar
recursos e obter resultados.
A avaliação do que
se fez e do que se faz, deve fazer parte integrante das boas práticas
empresariais e é fundamenta para o crescimento da FPB se queremos “O
Basquetebol Primeiro”.
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