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Wednesday, November 11, 2015

Um zero à esquerda

O jornal Expresso publicou um artigo que destaca o valor do surf e o retorno que a marca representa para os parceiros de negócio desta modalidade.

Já no primeiro texto que publiquei no meu blog em março de 2014 (ver link no fim do texto), abordo e sublinho a necessidade de criar a marca basquetebol e da obrigatoriedade desta se distinguir das restantes modalidades.

E como atingir este objetivo? Há que criar a marca ou fazer o rebranding daquilo que existe, ter uma visão clara do que se pretende e, depois, envolver as organizações e agentes desportivos, através de uma liderança congregadora, dinâmica, moderna e visionária. É este o (único) caminho para o sucesso.

O que sobressai na atualidade do basquetebol português é a ausência do que atrás referi.

Partindo da necessidade de conquistar credibilidade, criar sustentabilidade e atingir o equilíbrio financeiro, há que fomentar a formação de jogadores, organizar quadros competitivos ajustados à realidade e coerentes, desenvolver uma estratégia de basquetebol em paralelo com um plano de marketing e de comunicação. Assim se gera valor para o basquetebol e para os parceiros de negócio.

Estas ideias levam-me a questionar: o que tem sido feito para inverter o rumo do basquetebol português? Cativar adeptos e interagir com eles nos jogos ao vivo? Como tirá-los o sofá? no fundo como persuadir os fans a ir ver um jogo de basquetebol ao vivo. Ainda não vi... Seduzir parceiros negócios? Não tenho conhecimento de nada...

Deveriam ser estes os princípios norteadores do trabalho de quem pretende fixar a marca basquetebol em primeiro lugar e na tentativa de lutar pela atenção de audiência e patrocinadores.

O público dá as respostas, nunca está errado e a sua opinião não pode ser menosprezada. É ele o melhor juiz do que é organizado nos gabinetes e nos corredores das decisões e que no passado já lotou as bancadas dos pavilhões, tornando-se nos melhores embaixadores da marca basquetebol, numa altura em que as ferramentas de marketing e comunicação eram quase inexistentes.


Sem uma visão do que se pretende, do que somos, do caminho que precisamos percorrer, onde queremos chegar e qual a estratégia a usar, com poucos espectadores e patrocinadores, sem recolher informação (data), atrevo-me a dizer que o basquetebol em Portugal vale... zero! Já o surf está nos 400 milhões de euros. Quanta diferença!!!

Segue o texto da notícia publicada.

Surf vale 400 milhões

08.11.2015 às 12h00
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Depois do sol, da praia e do golfe, as ondas podem ser a próxima grande fonte de receitas no turismo
Jornalista
O número é indicativo e “até pode pecar por defeito”, garante Francisco Rodrigues, presidente da Associação Nacional de Surfistas (ANS).
Esta organização é a única que até agora fez um estudo do impacto económico do surf em Portugal e os resultados baseiam-se na soma de três parcelas: a indústria do surf (que inclui as várias dezenas de empresas que trabalham nesta área, as escolas de surf, as lojas de venda de pranchas e outros adereços e, não menos importante, os eventos que se vão multiplicando por toda a costa); o turismo associado ao surf, que conta com milhares de estrangeiros que todos os anos se deslocam a Portugal; e, em terceiro lugar, o contributo que é dado pelos mais de 212 mil surfistas residentes em Portugal (dados de 2012), que ao longo de todo o ano produzem receita sempre que praticam o seu desporto favorito.

VALOR PODE ‘DISPARAR’

Mas há um quarto fator que ainda não foi contabilizado no estudo da ANS, o qual, segundo Francisco Rodrigues, pode fazer ‘disparar’ o valor referência dos €400 milhões anuais. “É que está a aumentar todos os anos o volume de negócios da indústria têxtil nacional, que atualmente já se dedica quase em exclusivo à produção de linhas completas para marcas de renome mundial, que vendem roupa associada ao surf.” A maioria esmagadora desta produção segue para os mercados internacionais.
O presidente da ANS tem a noção de que o número que está a veicular “não tem base científica”, mas diz ter a certeza absoluta de que “estamos a ser muito conservadores nas estimativas que fizemos e basta ver a adesão crescente à modalidade em cada ano que passa e à forma quase viral como Portugal é seguido à escala global por todos os adeptos desta modalidade”.
Nos Estados Unidos, onde as ondas gigantes da Nazaré já estão a ir buscar ‘mercado’, o impacto económico do surf ronda os €6 mil milhões anuais, segundo Mark Noonan, administrador com a área comercial da World Surf League, que esteve recentemente em Portugal.

PENICHE GERA MAIS DE €13 MILHÕES NUMA SEMANA

Embora numa escala completamente diferente, na ordem de grandeza dos números, só a prova Rip Curl Pro 2013, em Peniche — que conta para o campeonato do mundo de surf — , rendeu €13,3 milhões em receitas, apenas numa semana. No ano seguinte subiu para €13,6 milhões, número que este ano poderá ter aumentado, até porque houve mais surfistas, mais público e mais promoção a nível mundial que nos anos anteriores.
António Correia, presidente da Câmara Municipal de Peniche, conta que está à espera dos resultados do estudo de impacto económico da prova, que se realizou há duas semanas. Entretanto, recorda alguns números do ano passado: só as transmissões televisivas do Moche Rip Curl Pro Portugal atingiram uma audiência global de 299,5 milhões de pessoas, tendo a transmissão online registado mais de 19 milhões de visualizações. Durante os dias da prova passaram pelas praias de Peniche 138 mil pessoas.
Um estudo da World Surf League concluiu que as três provas de seniores realizadas em Portugal Continental em 2014 (Moche Rip Curl Portugal Pro, Cascais Billabong Pro, Cascais Women’s Pro), tiveram um retorno mediático total de €46 milhões, dos quais €28 milhões relativos à prova de Peniche. É como se Portugal tivesse investido aquele valor na promoção da sua imagem à escala global, nota Francisco Spínola, presidente da Ocean Events, entidade organizadora da prova.
Quatro anos depois de Garrett McNamara ter surfado uma onda de 27 metros, os recordes de visitantes continuam a ser quebrados na Nazaré. Walter Chicharro, presidente da autarquia, conta que nos últimos 10 meses o farol da Praia Grande foi visitado por mais de 110 mil pessoas, e o histórico ascensor que liga a vila ao alto da falésia este ano deverá transportar perto de 900 mil pessoas, contra 640 mil em 2014.
É lá em cima que se avistam melhor as ondas gigantes que correm mundo sempre que um surfista tenta bater um novo recorde. Dados do Turismo de Portugal mostram que em novembro e dezembro do ano passado a Nazaré teve mais notícias internacionais que Lisboa.
Os investimentos na hotelaria da Nazaré multiplicam-se e somam já €30 milhões e as receitas na restauração sobem à razão de 50% ao ano. Mas o melhor ainda está para vir: um investimento de €1000 milhões, de capitais suíços e alemães, num megaprojeto turístico cujas taxas municipais seriam suficientes para liquidar a dívida da autarquia, uma das mais elevadas do país.

MAR DE OPORTUNIDADES

299,5 milhões foi o número de pessoas alcançadas pelas transmissões televisivas do Moche Rip Curl Pro Portugal, realizado em Peniche.
€46 milhões foi o valor mediático das três principais provas de surf realizadas no ano passado em Portugal, segundo a World Surf League.
€1000 milhões pode ser o valor do próximo grande investimento turístico em Portugal, na Nazaré.

Fontes:
Link do artigo do artigo do jornal Expresso: http://expresso.sapo.pt/economia/2015-11-08-Surf-vale-400-milhoes
Fotos: Imagens Google




Monday, October 19, 2015

Ligas Europeias e FIBA anunciam conclusões sobre o basquetebol profissional

Foi na Casa do Basquetebol que a FIBA recebeu a ULEB (Union od European Leagues of Basketball) e representantes das ligas Belga, Francesa, Alemã, Greca, Israelita, Italiana, Lituana, Holandesa, Polaca, Espanha, Turca, Liga Adriática, e VTB League que cobre 25 países, e onde foi discutida a visão futura do basquetebol profissional. Portugal não esteve presente como se pode constatar.

A FIBA quis ouvir as opiniões dos diversos participantes acerca da reformulação do sistema competitivo ao nível de clubes na Europa, quer ao nível do formato, processo de qualificação, calendário da competição, benefícios comerciais, despensa dos jogadores para as respetivas seleções nacionais, seguro desportivo ao serviço das seleções nacionais.

Foi dada a conhecer aos presentes os ambiciosos planos da FIBA no que diz respeito quanto ao futuro do basquetebol na Europa que se considera longe do seu potencial. FIBA considera que este crescimento só é possível com todos os interessados a trabalhar como uma unidade, reconhecendo que é importante ter os mesmos objetivos, e partilhar os mesmos valores.

A necessidade das competições domésticas, competições europeias de clubes e seleções nacionais são vitais para o desenvolvimento do basquetebol.

Estas são as conclusões em inglês da press released emitida pela FIBA
The attendees welcomed the following important and historical measures to integrate clubs and leagues further within the FIBA family:
- European clubs and leagues representatives shall have dedicated seats as full voting members within the Board of FIBA Europe;
- FIBA Europe's Advisory Board to the new FIBA Europe Cup shall include representatives of clubs and ULEB;
- FIBA will establish a Professional Basketball Council (PBC) as an official body of FIBA. Among the terms of reference of this new body, as approved by the attendees, will be the promotion of unity among all professional basketball stakeholders as well as preserving the interests of clubs and leagues within FIBA;
- Representatives of FIBA Europe will be invited to attend ULEB's General Assemblies;
- ULEB shall appoint - in consultation with FIBA - a permanent representative to act as European national leagues liaison in order to facilitate a much closer cooperation between ULEB, its member leagues and FIBA. FIBA will provide ULEB with financial and administrative support for this person, who will coordinate ULEB's efforts with the competition departments of the European Regional Office and of the FIBA headquarters.
Fonte: www.fiba.com


Friday, October 16, 2015

Com as pessoas, seguindo em direção ao futuro

É sempre salutar observar consensos quando duas partes mantinham posições extremadas. Aliás, não consigo avaliar quem não fique satisfeito com esta situação. 

O recente conflito entre a Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB) e a Associação Nacional de Juízes de Basquetebol (ANJB) veio demonstrar, uma vez mais, que a gestão da modalidade necessita de ser repensada.  

O acordo que saiu do encontro mantido entre os presidentes Manuel Fernandes e Paulo Alves permite antever que se abre uma janela para a resolução de uma boa parte dos problemas. Porque é isso que, agora, toda a gente está à espera, que os problemas sejam realmente atacados e não protelados. 

A questão das tabelas de arbitragem e das dívidas aos juízes foram os pontos divergentes, no qual toda a gente se focou, mas por detrás desse mesmo conflito está uma incapacidade, impossível de esconder, da estrutura da FPB em revelar-se proativa perante as dificuldades.  

Não me parece que a FPB pretenda correr o risco de voltar a incorrer nos mesmos erros – algo que insistiu nos últimos anos, por o boicote dos árbitros ter sido reincidente, embora este último tenha sido o episódio mais grave – e aproveite esta ocasião para, finalmente, transmitir uma imagem de dinamismo e evolução no tempo.  

Urge definir um plano estratégico, não apenas desportivo, mas transversal às diferentes áreas de intervenção da FPB.

Tenho a certeza que existe muita gente com vontade e disponibilidade de colaborar nesse documento, convicção que reforço pelos comentários analisados nas redes sociais. 

Se queremos mudar o basquetebol temos de olhar para o passado e identificar o que se fez de bem e o que se fez de errado, análise que nos ajudará a traçar o rumo ambicionado, construindo com as pessoas um futuro que se desenvolve à velocidade da luz. 


Wednesday, October 14, 2015

Será o basquetebol uma família grande?

O estado atual do basquetebol é parecido com uma grande família que não se entende dando assim uma imagem negativa para o exterior.

Mas será que nos últimos anos, houve paz na família basquetebolista?

No sentido de contribuir para uma melhoria do ambiente no basquetebol tenho escrito diversos textos, textos esses que normalmente têm propostas estruturantes para a nossa modalidade e que antecipam problemas. Aliás um dos grandes males do basquetebol português destes últimos anos tem sido sempre o de correr atrás do prejuízo, tornando-se reativo em vez de pró-ativo. 

Mas esta dificuldade em arrancar a época era um cenário previsível. Os Clubes não gostaram do modelo competitivo nomeadamente quanto ao aumento das despesas. Os árbitros não gostaram de saber por outros que os seus prémios iriam sofrer um corte, e de uma forma algo natural previa-se o que veio a acontecer.

Aliás esta falta de atitude pró-ativa de todos os envolvidos na modalidade levou o basquetebol á falta de credibilidade, á falta de sustentabilidade e aqui não falo só do problema financeiro mas também de outros aspetos que contribuem para os diversos itens da sustentabilidade tal como a formação, á falta de apoios através da falta de parcerias ou dificuldades em as concretizar, do problema de não gerar receitas, da necessidade de captar e como o público, e da ausência do espetáculo ou até mesmo da incerteza do resultado.

Neste cenário não é possível colocar o basquetebol em primeiro, nem sequer em segundo.

Por forma a colmatar este problema e recuperar a paz há necessidade de envolver as diversas parte na solução do problema.

Uma dessas fórmulas pode muito bem ser o de criar um conselho de gestão das competições onde várias partes estejam presentes no sentido de estudar os problemas, antevendo cenários, agindo em prol do basquetebol num cenário onde os contributos das diversas partes são importantes.

Este conselho de gestão deve gerir uma ou mais competições sem retirar a legitimidade e autoridade ao Presidente da FPB, mas bem pelo contrário dando-lhe legitimidade e força. Neste conselho devem estar representantes da FPB, dos clubes, de treinadores do nível competitivo correspondente como representantes da ANTB ou não, da ANJB, e da associação de jogadores quando estes quiserem e tiverem uma associação ativa e representativa dos diversos atletas. Neste grupo devem estar ainda pessoas ligadas ao marketing e comunicação porque estas duas áreas são fundamentais para qualquer organização que se queira afirmar num mercado competitivo e não tenho dúvidas que este é um mercado altamente competitivo e disputado.

Existe uma expressão do género ”não te ponhas a inventar que já está tudo inventado”, e nesta situação não estamos a inventar nada. A NBA tem o conselho dos governadores onde se fala dos problemas encontrados e das soluções possíveis. Depois de um tempo de reflexão o dito conselho volta a reunir para os temas serem novamente discutidos sendo na sequência disso aprovado ou não. 

É claro que a NBA tem uma missão clara e uma visão que não deixam dúvidas, os valores que defendem e a o seu logo, fazem parte da sua identidade e todos sabem do que se espera da NBA quando este nome é referido.

Mais que inventar é preciso adaptar os bons exemplos das organizações e felizmente a NBA é uma delas existindo a necessidade pensar fora da caixa ou ver o grande quadro “the big picture” da situação.

A realidade do basquetebol nacional é diferente. Os diversos clubes têm problemas diferentes. estruturas e realidades diferentes a diversos níveis, os treinadores a mesma coisa, uns são profissionais e outros embora muitos tenham uma atitude profissional exercem uma outra profissão. 

Em relação aos jogadores a mesma situação, uns são profissionais e outros ganham algum dinheiro mas são estudantes ou trabalham mesmo. Em relação aos árbitros que muitos falam e escrevem sobre a sua qualidade mas que neste momento são os primeiros a mandar pedras, tenho a ideia de que existem alguns que são muitos bons, que existe um conjunto alargado com bastante potencial e depois temos as assimetrias regionais ou nacionais.

Com tanta dispersão de realidades e interesses só uma grande capacidade de gerar consensos pode tirar o basquetebol do abismo onde se encontra. E deste modo não é fácil um grupo tão restrito de pessoas como o que gere a FPB (Federação Portuguesa de Basquetebol) ter sucesso. Usando mais uma expressão “como os mesmos procedimentos repetidos sistematicamente não podemos esperar resultados diferentes”.

Há distância de um teclado ou de um microfone é fácil escrever nas redes socias ou falar numa rádio ou televisão, mas de uma forma consciente podemos afirmar que os diversos stakeholders do basquetebol estão cansados e zangados com este basquetebol que não serve ninguém.

Este pode ser o momento que o basquetebol precisava para unir a família e colocar no top das prioridades o envolvimento de todos para que o basquetebol recupere o prestígio, até porque adiar pode ser o despertar de novos problemas que se advinham.

António Pereira


Nota de esclarecimento: Este texto foi escrito no dia 11 de Outubro de 2015 e disponibilizado no mesmo dia e seguintes a pessoas diversas e teve como objetivo o contribuir para uma reflexão sobre os problemas atuais do basquetebol português. 

Wednesday, September 16, 2015

FIBA – apresenta novo sistema de competição

A FIBA no início desta semana apresentou o novo sistema de competição que terá início em 2017.

Numa conferência de imprensa bem como num workshop onde estiveram presentes diversas Federações Nacionais, o Diretor Executivo da FIBA, Sr. Kamil Novak, o Diretor das Competições e FIBA Sport Sr. Predrag Bogosavljev e o Diretor de Comunicação Sr. Patrick Koller, explicaram as diversas vantagens deste modelo que vai ter ciclos de 15 meses de competição com jogos em casa e fora.

O apuramento quer para o campeonato do Mundo de 2019 bem como para o Eurobasket 2021, no que diz respeito aos países europeus estes serão divididos em Divisão A e Divisão B.

Com o novo sistema os fans terão a oportunidade de dar apoio às suas seleções nacionais, sendo que serão jogados 1250 jogos com a participação de 140 países.

Esta é uma oportunidade para surgimento de novas selecções, de jogadores e uma maior oportunidade para o desenvolvimento de novas parcerias.


Fonte: FIBA 

Tuesday, September 1, 2015

O basquetebol em ….

Num país onde a cultura futebolística predomina, uma das muitas táticas usadas é a do pontapé para a frente, sendo por vezes esta tática também usada ao nível da gestão de algumas organizações do nosso no basquetebol.  

Sem uma liderança forte, sem uma visão ambiciosa mas possível de concretizar e sem uma estratégia bem delineada, restam as medidas avulsas que se parecem mais com o pontapé para a frente do futebol do que com algo pensado e que possa ser executado de forma sustentável levando à questão: será que o basquetebol está na direção de um basquetebol primeiro?

Concretizando o que anteriormente escrevi, parece-me absolutamente incrível e inaceitável que se possa alterar o sistema de competição imediatamente depois dos campeonatos terminarem e poucos meses antes de começar a época seguinte. Qualquer alteração teria sempre de se concretizar na época imediatamente a seguir e não na que vai começar. Pelo respeito pelo trabalho desenvolvido e planeado pelos diversos clubes, pelo trabalho dos treinadores, pelo suor dos jogadores, por uma questão de igualdade de oportunidades, por questões de ética, isto simplesmente não se faz. É um absurdo. Na LPB tal como na Proliga colocam-se algumas questões: Porquê primeira fase e segunda fase? Porque não outro sistema? Porquê oito equipas e não 10 ou menos? Porquê o critério geográfico?

No que diz respeito ao novo formato da LPB, considero que demos mais um passo atrás. Depois das três voltas, isto no tempo em que as equipas da LPB faziam uma jornada em campo neutro ou no tempo que LPB e Proliga se cruzavam uma vez e sem qualquer tipo critério, voltamos a um modelo que há mais de vinte anos se revelou sem interesse. Este, aliás, foi um dos argumentos usados na altura para acabar com a segunda fase da época regular. Compreendo que se pretenda realizar mais jogos mas, fazer jogos só por fazer não traz benefícios a ninguém. Não compreendo.

No que diz respeito à Proliga sabemos que existem mais equipas a norte do que a sul, por isso, será este o melhor critério? A equipa do Olivais Futebol Clube, que perdeu um jogo durante a época regular nas diversas fases da competição e que perdeu o jogo da final do norte, perdendo assim o direito de subir diretamente à Proliga, é seguramente a equipa mais prejudicada. Uma outra questão é saber se o campeonato será competitivo e se desperta interesse. Quanto à questão dos custos, é natural que diminuam, mas não me parece que sejam relevantes, especialmente depois da desistência do Imortal de Albufeira que foi substituída por uma equipa do arquipélago dos Açores.

Um outro motivo de preocupação é o aumento do número de jogadores estrangeiros. Indo contra a tendência europeia onde somente dois países (Espanha e Itália) fazem distinção entre jogadores estrangeiros e jogadores comunitários ou com os quais a Comunidade Europeia tem acordos, surgem, agora, os dirigentes da FBP, que sempre se revelaram defensores do jogador nacional, aumentar o número de jogadores estrangeiros. No que diz respeito aos jogadores que vieram para Portugal durante a sua formação, foi-lhes dada a possibilidade de serem equiparados a jogadores nacionais desde que tenham jogado duas épocas em Portugal até aos sub20. Se o escalão sub20 deixou de existir ao nível nacional porquê os sub20 como critério? Se um jogador vier para Portugal com 19 anos e jogar duas épocas pode passar a jogar como equiparado a um qualquer outro jovem português. Pergunto: será que fez formação em Portugal? Devo dizer que nunca vi nenhum jogador ser formado em duas épocas, mas pode ser que alguém consiga fazer o milagre.

Um outro tema foi o Fórum do Basquetebol Primeiro onde algumas pessoas (poucas que eu saiba) tinham algumas expetativas do que sairia dali. Uma explicação: enviei dois documentos para o email do Fórum como forma de contribuir para a discussão dos temas propostos. No dia 7, pelas 0.40 horas recebi um convite para fazer uma apresentação de cinco minutos. Propus fazer uma apresentação nunca inferior a 15/20 minutos por forma a fazer uma apresentação consistente com os diversos temas que tenho abordado. Tinha pensado em abordar o tema: O rebranding do basquetebol português. Perante o não a este meu pedido, achei que não devia estar presente, continuando a minha estadia no local de trabalho onde me encontrava. Como é óbvio, fico satisfeito que se tenha realizado o Fórum, no entanto, fico desapontado pela quantidade de pessoas presentes - disseram-me que seriam pouco mais de 100 -, número revelador do afastamento e do desinteresse dos agentes da modalidade, e não só, e o pouco interesse dos temas propostos. Também sei que se ficou com a ideia de que pouco ou nada do que ali foi discutido seria colocado em prática.

As questões que se colocam ao basquetebol português são:
- Credibilidade da modalidade;
- Sustentabilidade financeira da FPB, clubes e diversas competições;
- Modelos das diversas competições;
- Plano estratégico do basquetebol;
- Plano de marketing e comunicação;
- A criação da marca basquetebol e seus diversos produtos;
- Captação e retenção dos diversos stakeholders (organizações desportivas, dirigentes, treinadores, atletas, árbitros, patrocinadores, comunicação social, público).

Numa competição dita amadora mas na qual todos auferem vencimentos, sob a forma encapotada de subsídios; na qual os clubes se queixam de que não existem jogadores portugueses de qualidade; na qual os atletas nacionais de qualidade não estão ao alcance financeiro da maioria dos emblemas; na qual os clubes dizem não ter capacidade financeira para fazer face às despesas de participação no campeonato - a competição é gerida por uma organização amadora, por pessoas amadoras, que gerem dezenas de processos ao mesmo tempo, sem uma visão, sem visibilidade, e sem um plano estratégico claro para os problemas.

E quais foram as soluções encontradas pela FPB para fazer face aos diferentes problemas? Aumentar o número de jogadores estrangeiros e aumentar o número de jogos, numa espécie de pontapé para a frente.

Este é o momento em que as soluções devem ser criteriosas, transparentes e que devem emergir no quadro de um grupo de trabalho e com o envolvimento de todas as partes.
Parece-me claro que a resolução destes problemas só é possível quando as organizações desportivas (clubes e dirigentes), atletas (ganhem menos dinheiro, mais dinheiro, sejam profissionais ou amadores), treinadores (sejam estes antigos atletas, tenho pena que não hajam mais, ou professores de educação física), e árbitros (os acusados de que não quererem baixar os prémios mas que não recebem esses mesmos prémios como é público) tenham uma voz ativa e de conjunto na gestão da competição. É fundamental e exige-se uma posição de grupo, onde possam exigir serem geridos de forma profissional, com competência e rigor.

Este é o conjunto de pessoas ou entidades que no dia-a-dia, semana a semana, mês a mês, ano a ano sentem na pele o impacto das más ou boas decisões da FPB, afetando a estabilidade da organização, a carreira dos diversos intervenientes no jogo, profissionais ou não. Estas são as pessoas que podem tirar o basquetebol do lugar em que está. E que já não é o de primeiro das modalidades de pavilhão.

Numa sociedade que gosta das pessoas politicamente corretas, mantenho-me de forma construtiva a dar voz por um ideal, por um sonho, que sei ser possível concretizar. Este não é, aliás, o sonho de uma pessoa só. É o sonho de muitas pessoas do basquetebol e da necessidade de uma modalidade que tem de se adaptar a um mundo diferente, competitivo e inovador, aliás algo que o basquetebol já teve antes de ser atirado para o lugar em que está.

Não há lugar para ilusões, o basquetebol compete numa selva de eventos onde todos procuram atrair público, patrocinadores, a atenção da comunicação social, etc. Não é com medidas avulsas e com uma gestão amadora que resolvemos o problema.

Eu quero o basquetebol num patamar de excelência independente da sua função e do seu status (amador ou profissional) de quem está no basquetebol, quero ver bons jogadores, jogar, equipas a praticarem um bom basquetebol, lideradas por treinadores competentes e dirigidas por dirigentes com visão para que o basquetebol seja, efetivamente, primeiro. 

António Pereira


Sunday, June 28, 2015

Jogadores estrangeiros ! contratar porquê ? como ? com que finalidade ?

Ultimamente diversas pessoas têm falado comigo e tenho lido igualmente diversos textos sobre o percurso de um jogador estrangeiro e como se pode melhorar ou condicionar de forma administrativa a inscrição de um jogador estrangeiro.

Como principio quando se contrata um jogador deve-se colocar uma questão: Qual a importância de um jogador estrangeiro da equipa ?

Para mim e penso que para a generalidade dos diretores desportivos e dos treinadores de um equipa a contratação de um jogador estrangeiro tem como objetivo a melhoria do seu plantel e dotar a equipa de um jogador que contribua para o alcançar um determinado objetivo.

Não é só por esta via que uma equipa pode melhorar, mas esta solução é das que mais impacto pode ter no alcançar os objetivos estabelecidos. Uma outra solução é a contratação de um treinador melhor e trabalho de melhor qualidade.

Mas vamos nos focar na questão do jogador estrangeiro.

Sempre parti de um princípio. Qualquer contratação de um jogador estrangeiro deve ter como condicionante que este tem de ser melhor que os jogadores Portugueses. Não faz sentido não ser assim. Também nunca dei valor á nacionalidade e nunca quis fazer distinção entre jogadores denominados EC e jogadores vindos de outras proveniências nomeadamente vindos dos USA. 

Sempre me pareceu ser uma melhor opção do ponto de vista económico tendo em conta que o que se pretendia era o jogador mais competente.

Deve-se colocar uma questão, quais as condicionantes que estão na origem da contratação de um jogador estrangeiro. Numa primeira fase o orçamento disponível pela equipa e que é talvez o fator mais condicionante. Mas não é o único. O nível competitivo para onde o jogador pode ir jogar e a perspetiva de carreira desse mesmo jogador pode fazer com este aceite ou não ir jogar para uma equipa e para um determinado país.  

Portugal já foi um país que foi visto como um bom local para desenvolver jogadores jovens. Desta forma vieram para Portugal muitos jogadores que estiveram no nosso campeonato durante uma ou duas épocas e depois seguiram a sua carreira num nível mais exigente e onde eram melhores remunerados.

Alguns jogadores mais experientes também vieram acrescentar qualidade ao campeonato de então.
Nessa altura nunca se colocou a questão de onde vinham os jogadores e porquê que nunca se colocou esta questão ? Simplesmente porque os jogadores eram bons jogadores e o basquetebol português evoluiu com isso, os jogadores portugueses evoluíram igualmente porque a oposição no treino e na competição era mais fortes e isso fazia evoluir os jogadores de forma generalizada. O reflexo no nível da competição era evidente.

Resultado desta fase foi o lugar que alcançamos em 2007 no Europeu disputado em Espanha.
Então o que é que se passou seguir ?

Os orçamentos diminuíram abruptamente, a escolha dos jogadores que eram feita de forma muito criteriosa passou a estar condicionada. Muitas das contratações passaram-se a fazer-se através de um scouting ineficaz, os condicionalismos económicos passaram a ter um peso grande, e isso teve como resultado que se colocasse a questão, quem são e de onde vêm os jogadores estrangeiros que jogam em Portugal.

Quero só deixar aqui as seguintes ideias:
- será que jogar na NCAA divisão I é sinal de qualidade ?  não será melhor contratar um jogador que joga e tem estatísticas interessantes num outro nível da NCAA do que contratar um jogador que não tenha rotinas de jogo

- e quanto aos campeonatos Europeus ? se tivermos em conta que o fator financeiro é aquele que mais pode influenciar numa contratação, devemos então colocar quais são os campeonatos com que nos batemos pela contratação de um jogador ?
- e o nível competitivo, será que o nível competitivo do campeonato português é bem visto na Europa ou noutros continentes ?

Podíamos aqui continuar a colocar algumas questões mas a conclusão na minha opinião será sempre a mesma. Observar os jogadores, obter a maior e melhor informação possível, observar os jogadores no seu ambiente natural, escolher os melhores entre os disponíveis e trabalhar muito no dia-a-dia aquando da sua integração no plantel. Sem esta escolha criteriosa e sem trabalho nada se consegue fazer.

Não se pode contratar só por se contratar, é preciso que um jogador estrangeiro seja uma mais-valia para o plantel e para o nosso basquete a questão é fazer as coisas bem-feitas como de resto em tudo.


António Pereira

Wednesday, June 17, 2015

Contributos para Forum Basquetebol Primeiro



 Na sequência da minha intervenção no período anterior às últimas eleições para a direção da Federação Portuguesa de Basquetebol, e da apresentação á atual direção da FPB de um projeto de comunicação durante o mês de março de 2015, submeti dois documentos ao Fórum Basquetebol Primeiro que pode encontrar neste link.



Antonio Pereira

Sunday, June 14, 2015

FIBA – Campeonato Europeu de femininos na Hungria

O Campeonato da Europa em femininos realiza-se de 11 a 28 de Junho na Hungria sendo que a selecção Espanhola é a actual campeã.

Para além do titulo em causa o campeonato da Europa vai servir para qualificar equipas para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e 2016.

A FIBA anunciou que 148 países vão transmitir o evento sendo que 36 são países europeus.

Anunciou igualmente que se pode seguir os resultados de todas as competições através do 
Twitter, no sentido de proporcionar aos fans o acesso mais rápido e na hora através do mobile (smarthphone e tablet) dos resultados.

As hashtags para as 10 competições continentais organizadas pela FIBA servem para qualificar para os jogos do Rio são as seguintes:
AfroBasket 2015 - #AfroBasket2015
AfroBasket Women 2015 - #AfroBasketWomen2015
EuroBasket 2015 - #EuroBasket2015
EuroBasket Women 2015 - #EuroBasketWomen2015
2015 FIBA Americas Championship - #FIBAAmericas2015
2015 FIBA Americas Women's Championship - #FIBAAmericasWomen2015
2015 FIBA Asia Championship - #FIBAAsia2015
2015 FIBA Asia Women's Championship - #FIBAAsiaWomen2015
2015 FIBA Oceania Championship - #FIBAOceania2015
2015 FIBA Oceania Women's Championship - #FIBAOceaniaWomen2015
Portugal não faz parte da lista de países que aderiram à transmissão, ficando de fora da mais importante prova continental no que diz respeito ao basquetebol feminino.

Antonio Pereira


Thursday, May 28, 2015

FIBA – reunião com federações e ligas nacionais

FIBA – acerca da remodelação das competições europeias de clubes, reunião com federações e ligas nacionais

A FIBA organizou um encontro onde estiveram representantes de 15 países (Portugal não esteve representado) por forma a poder discutir o modelo futuro das competições europeias de clubes.

Presentes estiveram representantes quer das Federações quer das Ligas da ÁustriaBélgica, Republica Checa, Inglaterra, França, Alemanha, Grécia, Israel, Itália, Lituânia, Holanda, Polónia, Rússia, Espanha e Suiça e ULEB.

Foi a primeira vez que no seio da FIBA houve uma reunião com as respetivas Federações e Ligas dos diferentes países. O novo formato entrará em vigor em 2017.

Todas as partes concordaram que o papel das seleções nacionais é o de ser a locomotiva do basquetebol em cada país e por isso devem ter total apoio dos clubes e ligas. A reformulação das competições europeias de clubes é fundamental para o crescimento da modalidade e proteção das ligas e dotar os clubes de um modelo de negócio sólido para o futuro.

A discussão foi importante para a discussão de diversos tópicos nomeadamente quanto ao seguro dos jogadores e na questão da gestão do futuro calendário das competições das selecções nacionais.

A próxima reunião será em 2017, tendo a FIBA no sentido de envolver as Federações e Ligas no processo de tomadas de decisão, foram estas convidadas a enviarem as suas propostas para discussões futuras nas questões que afetem directamente as ligas em si e os seus clubes.



António Pereira

Tuesday, March 31, 2015

A Conferência “The Business of Sports”


Estive recentemente em Babson College a convite do casal Lindsey e Justin a fim de participar numa conferência com o título de “The business of Sports”. Babson College é uma universidade de referência nos Estados Unidos da América na preparação dos seus alunos para o empreendorismo e gestão. O valor das propinas é elevado (passa os cinquenta mil euros ano) e o número de alunos é de pouco mais de dois mil. Lindsey e Justin são duas pessoas que se dedicam a causas de solidariedade social na zona de Boston bem como noutros países.

A conferência foi excelente.

A troca de informação foi relevante e destaco aqui alguns tópicos.
O primeiro diz respeito a que o desporto é visto como uma indústria (sports industry) e como tal é assim que deve ser abordada por todas as organizações. Criação de uma marca, os seus sinais identitários, a forma como são percebidos pelo público e a coerência entre estes e as suas práticas são muito importantes para qualquer organização.

A captação e retenção do fan bem como a sua satisfação como cliente é o que a organização tem como finalidade. Como é que materializamos este conhecimento é através das métricas. Sem público, sem audiências, qualquer modalidade deixa de ser relevante e sem significado para existir.

E por fim a questão do marketing desportivo e a comunicação que permitem que a organização se dê a conhecer, que ajuda a crescer e que transforma a organização em algo de relevante para os consumidores, quer através do espetáculo desportivo, quer através do consumo de bilhetes, de merchandising, e outros. Como comunicamos é de salientar a relevância que o mobile atingiu e as diversas plataformas que se podem usar. O fenómeno das redes sociais alterou tudo o que o marketing desportivo e comunicação podem fazer por uma organização desportiva e atletas.

Fiquei extremamente satisfeito com tudo o que ouvi e com o que conversei com as pessoas presentes aproveitando igualmente para melhorar a minha network de contatos. Sobre a praticabilidade de aplicar ao nosso basquetebol uma estratégia de marketing desportivo e comunicação integrada ela é real e só posso ficar satisfeito por aquilo que hoje mais do que nunca é uma certeza, assim todos queiramos.


António Pereira 

Wednesday, March 18, 2015

FIBA disposta a ajudar

O presidente da FIBA o argentino Sr. Horacio Muratore concedeu uma entrevista ao site da FIBA na qual afirmou que pretende conhecer as reais necessidade de cada federação nacional para encontrar os melhores especialistas técnicos que as ajudem. Entende o presidente da FIBA, eleito em agosto de 2004, ser este o papel principal das denominadas FIBA Zone e dos gabinetes regionais entretanto criados.

Sobre a cooperação com a NBA, o líder da FIBA destaca o seu reconhecimento da grande experiência da organização norte-americana nas competições de clubes, sendo o objetivo de Horacio Muratore que as ligas e campeonatos nacionais cresçam e se desenvolvam a todos os níveis, com o apoio de dirigentes, treinadores, árbitros, jornalistas e demais especialistas. Segundo Horacio Muratore, são estes agentes que valorizam o jogo e que promovem este desporto, reconhecimento que é igualmente para os stakeholder’s da FIBA, seus parceiros e patrocinadores.

Refere ainda Muratore que sempre acreditou que as ligas foram importantes para desenvolverem o basquetebol.

Fonte: www.fiba.com