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Tuesday, November 18, 2014

O porquê de ...


Terminado o processo eleitoral e com a nova direção da FPB em pleno exercício das suas funções, deve o basquetebol português começar um novo ciclo e como consequência disso este é o meu último texto de um conjunto que teve início em março de 2014.

Desde á muitos anos, que me parece claro que o basquetebol não podia e não devia seguir por trilhos que não levam a caminho algum, e depois de publicado o primeiro texto, senti um grande apoio em relação às ideias então difundidas através no meu blog.

Nesse primeiro artigo, fui claro em relação a dois temas, e deixei outros um outro tema de fora, porque na altura, não tinha um conhecimento suficiente sobre ele.

Em relação ao primeiro tema abordado e que era a composição da lista, reafirmo aquilo que escrevi. Precisamos de pessoas apaixonadas pelo basquetebol, que pensem basquetebol 24h por dia, que nas suas áreas de intervenção sejam pessoas de referência e que sejam capazes de adicionar qualidade a uma equipa que se quer multidisciplinar. É possível gerir a FPB com uma equipa constituída de forma diferente? É claro que sim. Tudo depende da visão do líder e o quanto este acredita no trabalho da equipa e como quer interagir com ela. Cada vez mais as equipas de trabalho são a grande diferença nas organizações e a liderança é fundamental para criar uma visão, valores, e ética, que permitam construir parcerias de sucesso. Por mim prefiro uma equipa que meta as mãos na massa como se costuma dizer, porque os diversos tópicos têm de ser dominados pelos diversos vice-presidentes auxiliado pelos colaboradores federativos, sendo que para tal devem ter conhecimento dos temas e que sejam capazes de tomar decisões. Não é necessário que todas as pessoas estejam localizadas em Lisboa, antes pelo contrário. O não estar localizado em Lisboa pode traduzir-se numa vantagem pelo conhecimento da realidade local e o de fazer envolver as pessoas das suas regiões. No que eu tenho dificuldades é em acreditar que uma gestão que não está presente fisicamente e que quer fazer uso das novas tecnologias por forma a comunicar, seja capaz de ter melhores resultados do que uma gestão presencial. Se assim fosse já as maiores empresas do mundo teriam adotado este tipo de gestão.

No que diz respeito ao tema marketing e comunicação parece-me que existe uma grande confusão e isto porque a maior parte das pessoas não sabem o que é que estas palavras significam e leva-as a confundi-las. Comecemos por dizer que marketing é uma coisa e que comunicação é uma ferramenta do marketing. Comunicar é aquilo que nós fazemos no dia-a-dia, usando as nossas palavras, os nossos gestos, a nossa escrita, etc. Marketing é criar necessidades, desejos, procura, tendo em conta o produto, o valor deste, e o mercado onde está inserido. Marketing e comunicação não são a mesma coisa e publicidade também não. Á mesmo quem confunda ainda mais marketing e publicidade. Só por desconhecimento se pode desvalorizar que o marketing não deve estar presente na chamada alta gestão. Só uma gestão integrada do produto (gestão desportiva do basquetebol que é o produto), com a gestão do marketing e comunicação é que pode levar á concretização da visão a que se propõem. Se assim não for o resultado é quase sempre desastroso e por isso não deve ser tentado. O que é que isto implica? Implica que sempre que sejam tomadas decisões ligadas ao produto (gestão desportiva da modalidade basquetebol) o departamento de marketing terá de estar por dentro das decisões e muitas vezes será este mesmo a dar indicações/sugestões que orientem e condicionem as decisões da gestão do produto (gestão desportiva do basquetebol). Por vezes e muitas vezes na minha opinião deverá ser o departamento de marketing a sugerir ideias ao departamento da gestão desportiva. E que decisões podem ser essas? Em primeiro lugar levar a cabo estudos de mercado. Quantos somos? Quantos nos vêm? E como nos vêm? Que tipo de basquetebol gostam de ver? Que opiniões têm sobre as nacionalidades dos jogadores? O que é que se espera da formação? Que preços estão disponíveis para pagar para ver um jogo de basquetebol? Que papéis os pais desempenham na gestão dos clubes? Que influências têm no desempenho do jovem jogador? Estas serão somente algumas das perguntas que nos permitem perceber como podemos desenvolver o produto basquetebol. Assim parece-me muito difícil que alguém que não esteja dentro da direção da FPB seja capaz de tomar decisões desta natureza, visto que o marketing deve ser orientado para o consumidor e para a sua satisfação e por isso há que ver para além do simples produto sendo que o mix de comunicação deve ser integrado usando as diversas ferramentas de que dispõem. Como tal dizer que vamos procurar patrocínios, que vamos vender merchandising, que vamos isto ou aquilo é só uma promessa baseada num conhecimento empírico, num conjunto de intenções e em algo de que se ouviu falar ou leu, e isso não acrescenta nada a um plano estratégico do basquetebol nacional.
Hoje em dia muitas empresas têm um departamento de marketing (diria que a um determinado nível todas têm um departamento de marketing), e quando decidem apoiar uma modalidade ou um clube querem saber qual o retorno do seu investimento. Que retorno pode dar o basquetebol atualmente? Não sabemos! Não temos a informação que atrás referi e que precisamos, e daí podermos pensar que o valor que o basquetebol tem atualmente será zero ou próximo disso. E esta afirmação baseia-se no número de espetadores ao vivo nos jogos, na cobertura da modalidade pela comunicação social escrita, pelo número de transmissões televisas, pelo número de inserções também nas redes sociais. Como podemos alterar isso? Com uma equipa de gestores desportivos e uma equipa de gestores de marketing que trabalhem em equipa e que procurem soluções. Todas as promessas que não tenham em conta esta abordagem não são sérias e são irresponsáveis. Por exemplo um bom exemplo de como as coisas não funcionam ao nível da comunicação é o sítio da FPB. Não sei quem é que trata da área do marketing digital, de quais os meios de que dispõem, que orientações têm, mas posso afirmar que o que é feito é pouco, muito pouco. Se queremos um basquetebol online então teremos de estar disponíveis para trabalhar ao sábado até às horas que forem necessárias e o mesmo ao domingo. Este é uma área muito sensível e que é fundamental. As pessoas têm de ter acesso á informação na hora e se estão mais do 10segundos á espera que a página descarregue a informação o mais natural é mudarem de página. Quem quer saber o resultado amanhã ou passado muitas horas? Um assunto a resolver com carater urgente aproveitando os bons colaboradores que a FPB terá. A melhoria da qualidade da comunicação da FPB passa também por isto.

Um tema que não abordei por simplesmente não ter conhecimento sobre ele na altura foi o tema relacionado com o estado das finanças da FPB. É preciso saber qual é realmente o atual défice, quais as receitas provenientes do estado, dos patrocínios e outras fontes de receita. Sabemos que existe um buraco financeiro nas contas da FPB e Mário Saldanha sempre se disponibilizou para me proporcionar toda a informação que eu necessitasse. Por isso acho que posso afirmar que para inverter este cenário é fundamental reduzir custos na máquina da FPB e aumentar receitas. Face à conjunta atual não vejo com qualquer possibilidade de sucesso o incremento das receitas provenientes do estado. Assim a única alternativa de aumentar as receitas de uma forma consistente é tornar o basquetebol num produto, sendo necessário para isso elevar os diversos padrões inerentes á competição nomeadamente qualidade dos planteis, do basquetebol praticado, do espetáculo produzido (oferecido ao público), da organização do evento, da organização da competição, da promoção da competição, da promoção do evento, da criação de um departamento de marketing e comunicação na FPB (parece que existe) e em cada clube, levando ao interesse por parte das televisões pelo basquetebol, e consequentemente o aparecimento de patrocínios. As empresas patrocinadoras só se interessarão pelo basquetebol se tiverem a perceção do retorno do investimento quer este seja financeiro quer seja em imagem por estarem associados ao basquetebol. É igualmente importante trabalhar com as associações distritais igualmente nesta áreas por forma a não só haver uma descentralização mas um enriquecimento do basquetebol regional. O basquetebol tem de ser popular e seguido ao nível nacional e não só em determinadas regiões. Muitas outras ideias podiam ser aqui apresentadas mas parece que um conjunto de ideias demasiado exagerado não se foca sobre o essencial e neste momento o essencial e o possível é que é importante. Um conjunto demasiado extenso leva-me a pensar que copiamos o texto de um qualquer manual académico por forma a abrangermos tudo o que lá está escrito e não é isso que se pretende ou que vai nos levar ao sucesso. O que se pretende é obter resultados palpáveis através das ideias que podem ser incrementadas tendo em conta que não há receitas

Como notas lamento que a campanha eleitoral tenha sido levado a cabo para dentro e não para fora. Mais para as associações e delegados e menos para as restantes pessoas do basquetebol. Muitas promessas e só no futuro se verá o que foi cumprido.

Como conclusão gostaria de dizer que sem uma visão clara e uma ação conjunta e firme destes setores, sem uma envolvência dos clubes quer ao nível dos dirigentes, treinadores, e jogadores não é possível alterar o estado em que se encontra o basquetebol. Aos juízes e oficiais de mesa espera-se que contribuam para um basquetebol mais transparente quanto ao vencedor e possibilidade de ver os espetáculos possíveis ao longo da época desportiva. Mais que fazer documentos longos e extensos ou propostas demagógicas o que era preciso era apontar soluções que não levantassem quaisquer tipos de dúvidas relação a estes temas e isso parece-me que ficamos além do esperado.
Cabe no futuro tal como no passado á direção da FPB colocar os agentes da modalidade em consonância e guiar o basquetebol para outro nível de espetáculo ao nível sénior e de uma formação que esteja mais de acordo com os desafios que os jovens gostam, que querem e necessitam de ter no século XXI.

Durante este período escrevi catorze textos, procurando contribuir para uma discussão séria sobre o basquetebol português de uma forma construtiva e a apresentando propostas concretas para determinados problemas. Agradeço aqui os contributos dados por diversas pessoas que estão tão empenhados e que amam o basquete da mesma forma que eu, agradeço igualmente todos os tipos de comentários que foram feitos, os emails respondidos ou telefonemas simples que proporcionaram conversas agradáveis, e que vieram por parte de diferentes pessoas ligadas ao basquetebol.
Este é o último artigo que é publicado no meu blog (http://apbasketball.blogspot.pt/). No futuro, não quero que haja qualquer tipo de interferência entre a minha atividade profissional e a minha opinião como pessoa ligada ao basquete desde 1969. Assim um novo espaço acolherá os meus textos e que será divulgado oportunamente.

Aos agora eleitos, o desejo de boa sorte no desempenho das suas funções. De mim, podem contar com a minha paixão pelo basquetebol e com uma cidadania ativa no sentido de ajudar a que o basquetebol ultrapasse as dificuldades atuais.

António Pereira


Monday, November 3, 2014

Correção - Um passo de gigante e um passo de caranguejo


Por vezes escrevemos palavras que não são bem aquilo que queremos dizer e por isso aqui vai a minha correção no que diz respeito ao sector da arbitragem e dos jogos não realizados no fim de semana.

Do ponto de vista pessoal não tenho dúvidas sobre a qualidade da arbitragem portuguesa. Já vi diversos árbitros portugueses a dirigirem jogos ao vivo no estrangeiro e é daqueles momentos em que nos sentimos orgulhosos de sermos tugas.

É do meu conhecimento pessoal, que há muitos anos que existe um acordo entre a entidade organizadora das competições (Liga Portuguesa de Basquete e depois Federação Portuguesa de Basquetebol) e a ANJB, para que esta possa levar a efeito o seu clinic internacional. A FPB tem inclusivamente esta data assinalada no documento da conferência do calendário. Contudo, não me parece que logo após o início das competições seja a melhor data para levar a efeito um momento tão importante como este. Parece-me que seria aconselhável encontrar uma solução que não leve ao cancelamento dos jogos, que tenhamos de estar sujeitos ao árbitros que estão disponíveis para dirigir jogos, quer sejam eles a que nível for. Uma consequência de tal pode ser que as pessoas bem como a comunicação social se afaste da modalidade. É necessário perceber que quando uma equipa começa os treinos deve começar a crescer em rotinas e os jogadores em forma física e técnica. Por seu lado e do ponto de vista do marketing e comunicação há necessidade de criar a vontade das pessoas irem ao pavilhão, há necessidade de dar informação sobre os jogos, de falar das equipas, há necessidade de o basquete ser falado. Ora um clinic logo após o início de um campeonato não é a melhor data. Foi isto que se quis dizer.

Espero que a arbitragem continue a melhorar e dignificar o basquetebol português como até agora tem feito e sei que muitos têm investido os seus recursos financeiros para tal. Reconheço que foram os agentes da modalidade que melhor se organizaram nas eleições para os delegados á AG da FPB e ambas as listas têm um documento estratégico que me fizeram chegar e que aqui agradeço.

Por isso e apesar de o texto não ter sido o melhor, a intenção não foi afrontar ninguém, mas teve a virtude de colocar as pessoas a falar de basquetebol, de ter sido disponibilizados documentos e isso só contribui para um basquetebol mais falado. Por mim podem contar com a ajuda para congregar toda a família do basquetebol e não criar a divisão desta. Todos somos poucos para melhorar o bom nome do basquetebol.

Espero que o José Cassapo como representante da ANJB aceite as minhas explicações e desculpas.

António Pereira




Sunday, November 2, 2014

Um passo de gigante e um passo de caranguejo


1. As competições de clubes já começaram um pouco por todo o Mundo. Passos de gigante têm sido dados em várias vertentes, nomeadamente na área do marketing e comunicação em diversos campeonatos que, infelizmente, não o de Portugal.

Ao abrir o sítio da FIBA somos informados sobre o número de pessoas que seguem a sua página através das redes sociais Twitter, Facebook, Youtube, e Mobile App. O mesmo sítio dá-nos ainda a possibilidade de subscrever a sua newsletter diária.

Em Espanha, nomeadamente a Liga ACB, acabou com o seu famoso guia da ACB. Melhor dizendo: acabou em papel e passou a ser exclusivamente digital, sendo que desta forma passou a estar disponível para muitas mais pessoas, em todo o Mundo, de forma gratuita e ecológica. Não é por acaso que a ACB quer afirmar-se como o segundo campeonato mais importante do Mundo, logo a seguir à NBA.

Ao nível da NBA, as notícias são demasiado importantes para passarmos ao lado delas. As equipas da NBA bateram o recorde de vendas de bilhetes anuais de ingressos. Para isso muito contribui o departamento de marketing de cada organização desportiva, que trabalham a sério, quer seja na rua, quer ao telefone a vender o seu produto.

Ainda ao nível da NBA, o número de atletas internacionais ultrapassou o número 100. Isto significa que, potencialmente, haverá mais pessoas espalhadas pelo planeta a ver jogos da NBA.

Steve Ballmer, ex-CEO da Microsoft que recentemente comprou os Los Angeles Clippers, está a fazer tudo o possível para que a interação com o público seja uma mais-valia para o espetáculo desportivo da sua equipa e por isso vai lançar uma aplicação onde os espetadores podem escolher a jogada que querem ver a ser repetida no marcador eletrónico e onde aparecerá o nome do contemplado.

Para mim, a publicação do vídeoclip Together, (http://www.youtube.com/watch?v=n6S1JoCSVNU&feature=youtu.be) sobre o regresso de Lebron James, aos Cleveland Cavaliers e á cidade de Cleveland vai ficar para a história do marketing desportivo pelo impacto que teve ao nível da sua comunidade e ao nível global. Se ainda não viu não perca.

2. Por cá, em Portugal, os passos não são de gigante. Nem perto nem de longe.

Um dos temas quentes é a estatística. Será que não conseguimos fazer a estatística de um jogo e colocar a informação online? É difícil de acreditar mas parece que é uma realidade. Por vezes, até saber os resultados dos jogos é difícil. E porquê? Já vi diversos jogos do sector feminino onde as equipas nem sequer apresentam 10 jogadoras (foram vários e locais diferentes do país e clubes diferentes). Não é este o sector de referência em Portugal para o nosso basquetebol?

Neste fim de semana, mais uma vez algumas competições não tiveram jogos, as equipas da 1ª divisão (terceiro nível competitivo - detesto mesmo este escalonamento de nomes) vão ficar sem jogar bem como as equipas de formação, motivo: há uma reunião de árbitros. Coitados dos dirigentes, dos treinadores e jogadores. Eles que pagam para jogar têm de parar para haver uma reunião de árbitros, que são pagos para desenvolver a sua função.

Quanto ao tema eleições para a Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB) parece que é um assunto que não tem suscitado um grande interesse público. Muito por culpa da letargia que a modalidade vive, pela forma como os envolvidos escolheram fazer as suas campanhas. Isto é, um tour pelas diversas associações do país onde poucas são as presenças. A ausência de um debate de ideias é significativa. E prenuncia que dificilmente algo será mudado na gestão da FPB.

Todos sabíamos que as eleições seriam entre o mês de Setembro ou Outubro. E que duas pessoas se perfilaram como candidatas.

Não é assim aceitável que não estejam preparadas, que não tenham constituído as suas equipas de trabalho a tempo e horas e divulgado, que não tenham um programa, que não tenham soluções, que não tenham recursos para os diversos dossiers.

Não é aceitável que somente apresentem desculpas, alegando que não se sabe como resolver o problema ou a crise. A crise pode condicionar mas não é aceitável como desculpa. Até será descabido, porque a maior parte das pessoas não anda basquetebol por dinheiro, ainda que, na minha opinião, a FPB deva ser dirigida por profissionais.

Por isso, precisamos de pessoas com competência, disponíveis e apaixonadas pelo basquetebol. Pessoas que pensem o basquetebol durante as 24 horas do dia. Que acordem a pensar basquetebol, que passem o dia a trabalhar e a pensar basquetebol e que durmam a sonhar basquetebol.

Não precisamos de pessoas que tenham a sua vida de tal forma ocupada que ainda vão ter de se preocupar com o basquetebol, modalidade que, porventura, lhes deve dizer muito, mas que exige deles mais do que podem dar infelizmente.

Uma outra preocupação e até surpreendente são que o sector de marketing e comunicação esteja completamente ausente do lote dos vice-presidentes de uma das listas. Não se percebe. Já ouvi dizer que essa função seria desempenhada por alguém de fora da federação e pro bono. Por favor! Quem paga as contas deles? Em muitos sectores, a “borla” e a “graça” significa muito pouco trabalho, pouco empenhamento. Espero estar enganado.

Da leitura da situação espera-se pouco de uma possível alteração de procedimentos. A FPB vai continuar a ser dirigida por três/quatro pessoas, que gerem o dia-a-dia e que já lá estavam, e essa não é a minha visão nem de muitas outras pessoas.

Como tal, pode significar a possível continuidade daquilo que foi feito, a preocupação com o presente, e pouca atenção a uma perspetiva de futuro.

Dificilmente aceito que Mário Saldanha seja o único responsável de tudo o que se passou de mal na FPB. Sê-lo-á como líder, mas também fez coisas boas. É preciso saber honrar o passado, e isto é algo que nem todos sabem fazer. Distanciarmo-nos quando nos convém não me parece correto.

Espero que não cheguemos à situação de pensarmos que mais valia ter ficado Mário Saldanha. Pois o maior problema deste dirigente foi o de não saber rodear-se de pessoas competentes, disponíveis e profissionais.

3. Um alerta: espero que os delegados da Assembleia Geral da FPB não tenham jogos marcados para o dia das eleições. Seria uma vergonha para a modalidade.

4. Uma curiosidade: pensei em assistir a uma sessão de esclarecimento de candidatos à FPB numa associação. Fiz um contacto com um responsável. Disseram-me que a sessão não era pública. Será por coisas como esta que o basquetebol não é público?


António Pereira

Monday, October 20, 2014

Razões para uma não candidatura


Em finais de fevereiro fui contactado por algumas pessoas que pretendiam saber qual a minha opinião sobre as futuras eleições na FPB, bem como averiguar o meu eventual envolvimento.

Respondi que estava unicamente focado em terminar a minha dissertação de mestrado em Marketing e Comunicação, tomar uma decisão face à hipótese de avançar para um doutoramento e, em termos profissionais, continuar a desenvolver a minha empresa fora de Portugal.

Disse, ainda, que iria dar a minha opinião por escrito e publicá-la no meu blogue. Na sequência de tal decisão, escrevi um primeiro texto com o título “Acerca das eleições para a FPB – 2014”.

Ao mesmo tempo, defendi junto dessas pessoas que se deveria convidar elementos de diferentes áreas da modalidade para, em grupo, participar num debate construtivo, criando envolvimento num projeto que se pretendia global e participativo.

Posteriormente, devia ser indigitado um candidato a presidente que refletisse a vontade do grupo, a sua capacidade de liderança e de diálogo perante os demais e perante as gentes do basquetebol.

Isso não foi possível porque, de entre as pessoas que, na nossa óptica, poderiam constituir a injeção de “sangue novo” na modalidade, houve quem, simplesmente, tenha demonstrado indisponibilidade ou falta de interesse.

Optei, então, por continuar a escrever, no sentido de contribuir com as minhas ideias para um melhor basquetebol.

Fui candidato a candidato porque algumas dezenas de pessoas se identificavam com o que escrevi e me perguntaram se eu estaria disponível para avançar.

Não passei de candidato a candidato porque nunca senti que as pessoas estivessem verdadeiramente unidas à volta de um projeto que refletisse mudança, tendo em vista um basquetebol melhor - fosse ele liderado por quem fosse.

Por fim, não escondo que muito dificilmente se reuniriam condições, a nível federativo, que me fizessem abandonar a atividade que atualmente (e há mais de 20 anos) exerço em Portugal e além fronteiras mas, o apoio que recebi da parte de clubes, treinadores, jogadores e árbitros fica registado e poderão contar comigo para futuras lutas.

Ainda assim, deste percurso de cerca de oito meses, há aspetos a destacar.

Positivo:
- As milhares de pessoas que leram os meus textos. Algumas fizeram críticas, outras deram sugestões, e algumas até me incentivaram a candidatar.

- Sinto que dei um contributo - o contributo que me era possível neste momento - através dos meus textos para que se refletisse sobre o basquetebol.

- Conheci quem goste de basquetebol e que não queira saber se na cadeira de presidente está fulano A, B ou C. Querem um basquetebol melhor, querem que o basquetebol avance num sentido concreto e que a modalidade seja algo de que todos nós nos possamos orgulhar.

Negativo:
- A falta de envolvimento das pessoas da minha geração e das gerações anterior e  posterior.

- O discurso que já ouvi no passado “dou a minha opinião mas não quero envolver-me”. Parece indicar que há receio de punição por se ter opinião. Já aconteceu isso há quatro anos. Voltei a ouvir agora.

- Entre os dois propalados candidatos à presidência da FPB, nenhum apresentou programa ou até mesmo o nome dos elementos que compõem a lista publicamente fazendo-o somente no último dia da entrega das listas. E não divulgaram publicamente qualquer ideia sobre o basquetebol. Será isto positivo? É assim que se vai envolver as pessoas ? Que mensagem é que queremos passar para o exterior? Não parece positivo para o envolvimento dos diversos agentes do basquetebol num projeto nacional. Cada candidato faz o que achar melhor para ele mesmo, mesmo que isso não traduza o melhor para o basquetebol.

Em suma, esta foi uma experiência enriquecedora do ponto de vista pessoal e não vai ser esquecida. Antes pelo contrário. E no futuro, tudo será devidamente ponderado.

António Pereira


Tuesday, October 14, 2014

Dinamizar o basquetebol – Um desejo, um sonho uma visão

Este é o meu contributo para discussão do basquetebol em Portugal.


Dinamizar o basquetebol – Um desejo, um sonho uma visão

PROJECTO ESTRATÉGICO do BASQUETEBOL PORTUGUÊS – UM CONJUNTO DE IDEIAS, 2018


AP
6-05-2014



               
  António Pereira





Dinamizar o basquetebol

PROJECTO ESTRATÉGICO do BASQUETEBOL PORTUGUÊS – UM CONJUNTO DE IDEIAS, 2018

INTRODUÇÃO
A estrutura federativa que propomos deve pautar a sua ação por uma cultura de excelência, colocando em prática um conjunto de ideias, apelando e contando com o envolvimento dos diferentes agentes da modalidade, reflectindo um verdadeiro trabalho de equipa.

A restruturação do basquetebol deve assentar em objectivos claros e prioridades que possam ser mensuráveis, permitindo avaliações regulares.

Defendemos um trabalho em equipa, que aposte na sustentabilidade do basquetebol em todas as suas vertentes e que possa catapultar o basquetebol para o segundo lugar das modalidades mais praticadas do país. Defendemos, na mesma perspetiva, um basquetebol formador de homens e mulheres que, através da prática desportiva, se preparam para a vida de adulto no século XXI. Um tipo de vida onde as competências, a capacidade de trabalhar em coletivo e o desejo de superação individual são fundamentais.
Os jovens devem encontrar esta cultura de exigência enquanto praticantes de basquetebol desde os escalões de formação até ao escalão sénior.

Os clubes devem incutir o gosto pelo jogo de basquetebol, despertando nos espectadores o desejo de voltarem ao pavilhão para assistir a um espectáculo desportivo caracterizado pela incerteza do resultado, o que pode e deve ser uma constante.

Este projeto assenta, fundamentalmente, em dois vetores. A proteção da marca basquetebol e a racional gestão desportiva devem ser o reflexo de uma visão e integrar transversalmente a estratégia da modalidade.

ESTRUTURA FEDERATIVA
A FPB tem como missão a promoção, regulamentação e direção da prática do basquetebol no território nacional; representar a modalidade perante a administração pública; organizar as competições nacionais; promover a atividade das Seleções Nacionais; representar Portugal junto das suas congéneres estrangeiras; formar os agentes desportivos.

Para que o resultado dessa missão alcance os melhores resultados, a FPB deve assumir-se como catalisador das ideias dos diferentes agentes, aceitando os seus contributos para que a modalidade readquira o estatuto de referência.

            Deste modo, a gestão da FPB no próximo mandato terá de ser norteada por valores de isenção, competência, mérito e lealdade entre pessoas e instituições, numa atitude formativa e competitiva – aquilo que, no fundo, é a essência do desporto.

No atual contexto socioeconómico, e tendo igualmente em conta a realidade da modalidade no contexto desportivo nacional, é fundamental definir um plano estratégico de desenvolvimento da modalidade, refletido numa gestão estratégia integrada de comunicação, conduzindo à identificação fidedigna da modalidade por parte das associações, clubes, treinadores, atletas, árbitros, simpatizantes, público, patrocinadores e outros intervenientes.

Como forma de transmitir esta ambição, e de dar um novo impulso ao basquetebol, é necessário organizar as seguintes áreas e operacionalizá-las de forma integrada:
- Departamento de formação
- Departamento de competições
- Departamento de selecções
- Departamento de comunicação
- Departamento de marketing
- Departamento de gestão financeira
- Departamento jurídico

Para dar corpo a esta filosofia de gestão, ajustada à realidade nacional, são necessárias pessoas competentes, pelo que se defende a necessidade de algumas áreas passarem a ser geridas por profissionais. Só assim será possível encontrar as melhores soluções, por forma a atingir os objectivos a que todos nos propomos.

Por todo o mundo, o basquetebol continua em grande expansão, com enorme visibilidade e a adesão ao jogo é extraordinária. Em Portugal continuamos a não trabalhar de forma colectiva para ultrapassar as dificuldades, no sentido da modalidade voltar a atingir elevados níveis de notoriedade.

O desenvolvimento do basquetebol passa, numa primeira fase, pela resolução de problemas específicos dos clubes e, depois, das associações. A FPB deve e deverá ser a locomotiva do comboio, sabendo congregar vontades em torno de um projeto nacional. Deseja-se que seja a máquina de um TGV e não a locomotiva a vapor. Os tempos são outros e as soluções para os problemas devem ser diferentes daquelas que até agora têm sido utilizadas.

REGULAMENTOS
É necessário rever boa parte dos regulamentos, dada a atual situação socioeconómica do país e a urgência reclamada pela evolução constante da sociedade.

Justificam-se, desde logo, as revisões dos estatutos da FPB, do regulamento de competições, do regulamento de transferências, do regulamento eleitoral, entre outros.

COMPETIÇÕES
 A nível sénior, masculino e feminino, propõe-se o seguinte:    
            - Apresentação do basquetebol na RTP2
- Recuperação do jogo de abertura do campeonato sénior do primeiro nível competitivo
 - Realização do All Star Game
 - Possibilidade das equipas realizarem os jogos em casa da fase regular (excepto nas duas últimas jornadas) nos dias de maior interesse dos seus públicos. Esta possibilidade permitirá aumentar o número de espectadores e, igualmente, obrigará a Comunicação Social a abordar as competições de basquetebol durante mais dias.

Outras medidas:
- Propor à Federação Espanhola de Basquetebol (FEB) e Federação Autónoma da Galiza competições supranacionais: Torneio do Eixo Atlântico, All Star Game Ibérico e uma competição que defina o Campeão Ibérico. No passado, as equipas da Galiza já evidenciaram disponibilidade para um projeto que se apresente como inovador.

- Pretende-se organizar uma competição conjunta entre a FPB e FEB, com espaço próprio na calendarização, que passará a ser disputada anualmente no princípio de época ou noutra data mais conveniente. Inicialmente, esta prova será agregada por duas a três equipas portuguesas e outras tantas da Galiza.

- Repensar o escalão de sub-20, surgindo as opções da simples extinção ou, em alternativa, alargá-lo aos jogadores com 21 anos, visto que o primeiro ciclo dos estudos universitários termina nesta idade. Não faz sentido que o jovem jogador seja impedido de continuar a prática da modalidade na sua equipa.

- Refletir sobre os diversos campeonatos dos escalões secundários, embora, sempre, com o princípio orientador de ir ao encontro dos objetivos gerais deste plano estratégico e à realidade económica dos clubes.

- Premiar os clubes que atinjam os objetivos definidos no plano estratégico.

- Uma atenção muito especial ao marketing digital, através da criação de novos espaços nas redes sociais, e reformular os existentes, que reflita a vontade de comunicar por parte da FPB e dos clubes, utilizando as diversas plataformas digitais existentes, conferindo ampla cobertura às competições masculinas e femininas, bem como às atividades dos clubes. Implementar comunicação bilingue também será uma prioridade.

 - Promover a modalidade ao nível institucional, no sentido de captar investimentos para o basquetebol, favorecendo os diversos intervenientes, tais como FPB, associações, clubes e juízes.

- Concretizar uma relação de proximidade com os países da CPLP.

- Captação de mais eventos internacionais e melhorar e renovar os que já foram organizados.

- Dinamizar a Assembleia Geral.

CLUBES:
Os clubes devem ter em conta que os quadros humanos são fundamentais para a estabilidade competitiva e financeira, na medida que os dirigentes são ativos importantes e fulcrais para a orgânica do basquetebol.

Através de protocolos, a FPB deve estar apta a proporcionar aos clubes a colaboração de estagiários em diferentes áreas do conhecimento, nomeadamente comunicação organizacional, quer nas especialidades de marketing quer na especialidade de relações públicas, comunicação social, design e multimédia. Já existem contactos nesse sentido.

A formação dos jogadores deve merecer a maior atenção, na tentativa de refletir os valores da organização e da FPB, apostando no desenvolvimento do jovem como homem e desportista.

Igualmente crucial é o papel dos treinadores na formação dos jovens. Devem ser exemplo a seguir, modelo de referência, capazes de transmitir valores, experientes no ensino do basquetebol, nomeadamente através do ensino de técnicas que estejam de acordo com o “modelo de jogo” das equipas seniores. Pretende-se que o praticante se prepare para o que há de mais real na vida de adulto – uma vida competitiva a nível profissional, repleta de desafios a vencer.

Por isso, tentar-se-á perceber quais os clubes que têm ou podem vir a ter condições de competir ao nível mais elevado, dando um contributo para que essa vontade se transforme em realidade.

Os jogos do primeiro nível de competição devem passar a ter 48 minutos, divididos em quatro períodos de 12 minutos. Estamos convictos que o aumento do tempo de jogo implicará a utilização de mais jogadores a intervir no jogo, resultando em mais solicitações e oportunidades efetivas para os jovens.

                A noção do clube satélite pode e deve ser desenvolvida.

A participação em competições internacionais é importante, mas deve-se respeitar e atender aos orçamentos dos clubes, dadas as exigências financeiras das provas. Daí a necessidade da FPB e dos clubes promoverem uma boa imagem das competições, criando pontes com possíveis investidores, de forma a encontrar suporte financeiro para este tipo de atividades. Só com clubes fortes é possível ultrapassar as dificuldades do presente.

TREINADORES:
Os treinadores são fundamentais no desenvolvimento do jovem praticante e na sua formação como homem. A nível sénior, a gestão do grupo e a capacidade de liderança são fundamentais para o sucesso do projecto de competição de qualquer organização.

É nossa ambição preconizar uma relação estreita entre a ENB e a ANTB, no sentido de que todos os treinadores possam ter acesso a uma aprendizagem de qualidade, premium. Aos atletas ou antigos atletas será prestado um apoio especial, por considerarmos que o ensino do jogo por parte destas pessoas é muito importante.

Estabelecer um princípio de reciprocidade em relação ao reconhecimento de credenciais dos treinadores estrangeiros, que deverá ser alvo de análise e revisão (reconhecimento dos cursos de treinadores ministrados em Portugal).

Apelar a um maior profissionalismo, rigor e competência dos treinadores, fatores essenciais para se atingir o nível ambicionado.

JOGADORES:
 A educação e formação do jovem jogador são basilares. Ensinar os jovens a conciliar a atividade desportiva com a frequência escolar, amigos e família, ajudando-os a definir prioridades e opções é uma das prioridades. O apoio dos atletas mais experientes, dos treinadores, dirigentes e pais é ainda decisivo para estabelecer as melhores escolhas.

Será necessário criar metas quanto ao desenvolvimento físico, técnico e mental de forma concreta, de acordo com o escalão etário, que possam ser mensuráveis para se avaliar o sucesso do programa e fazer as necessárias correcções se necessário.

Na formação é necessário perceber o que se passa para que o número e qualidade dos jogadores do escalão sénior estejam de acordo com as exigências da competição.

Deste modo, para perceber o que se passa ao nível da formação de jogadores, teremos de obter respostas às seguintes perguntas:
1 - Os jovens portugueses não têm apetência para jogar basquetebol
2 – Os treinadores de jovens não têm competências para ensinar o jogo de basquetebol
3 – Os jovens não treinam a quantidade de horas suficientes para desenvolverem as técnicas necessárias
4 – A participação dos pais na gestão da formação dentro dos clubes é negativa
5 – Os jovens são prejudicados no seu desenvolvimento enquanto atletas e homens pela participação dos pais na gestão dos clubes
6 – Os treinadores são condicionados no ensino do jogo de basquetebol pela participação dos pais na gestão dos clubes
7 – Os quadros competitivos não permitem o desenvolvimento do jovem jogador
8 – A FPB tem desenvolvido uma política desportiva favorável ao desenvolvimento dos escalões jovens
9 – O horário escolar condiciona negativamente o empenho e desenvolvimento do jovem atleta
10 – A falta de referências nacionais não motiva/alicia os jovens para a prática do jogo de basquetebol
11 – Os jovens não se sentem atraídos pela prática do basquetebol
12 – A falta de perspectiva de uma carreira profissional faz afastar os jovens da prática da modalidade de basquetebol
13 – A presença de jogadores estrangeiros ao nível sénior afasta os jovens da prática da modalidade de basquetebol

Muito importante é também analisar o eventual apoio a potenciais talentos para integrar equipas estrangeiras. Neste caso, a FPB deve contribuir para ser adotada a uma decisão que favoreça o desenvolvimento do jovem como homem e como atleta, numa perspectiva de se tornar um melhor cidadão adulto no futuro.

ÁRBITROS E OFICIAIS DE MESA
Vemos os árbitros portugueses como parceiros inegáveis no desenvolvimento da modalidade. Conscientes de que uma boa (ou má) arbitragem pode decidir um jogo ou mesmo um campeonato, apostamos na sua evolução.

A FPB deverá promover ações que visem congregar a classe nesta causa, através do diálogo construtivo e da definição de objetivos claros, transparentes e que possam ser medidos, avaliados e de divulgação pública.

Para melhorar o desempenho de árbitros e oficiais de mesa propomos a realização de ações de formação, bem como promover o contacto com realidades internacionais, ajudando a criar um corpo de árbitros, oficiais de mesa e comissários de elite.

Estabelecer contactos com os países da CPLP, no sentido de disponibilizar árbitros para as suas competições, quando solicitados.

A arbitragem deve continuar a contribuir para o crescimento do basquetebol, através de uma restruturação, de modo a optimizar os recursos.

JOGADORES, TREINADORES e ARBITROS – aspectos legais
Do ponto de vista legal, treinadores e jogadores devem ter a possibilidade de ter uma carreira profissional, sendo que devem fazer os seus descontos para o IRS, Segurança Social, e negociação de uma apólice de seguro com uma identidade do ramo, que permite ter um apoio financeiro em caso de incumprimento ou de desemprego estando assim devidamente protegidos nesta situação.

Torna-se urgente, portanto, discutir e definir o enquadramento legal, apresentando a situação à tutela e tentando encontrar apoio junto de outras modalidades, para que estes direitos sejam reconhecidos.

PLANO ESTRATÉGICO
Definir um plano que substancie aquilo que é a visão da direcção da FPB e dos demais agentes da modalidade e que se traduz num basquetebol renovado, na sua forma de gestão, forma relacionamento entre as diversas partes, e objectivos comuns, quer esta mudança se reflicta ao nível do curto, médio ou longo prazo.

Esta renovação da gestão da modalidade tem como base a importância dada á formação do jovem atleta na vertente de jovem homem, de atleta e numa cultura de exigência e assente em valores bem definidos.

Nenhuma competição sénior pode ter sustentabilidade sem formação de jogadores e esta crença tem de ser traduzida no desenvolvimento de bons programas de treino de jovens, apoio aos diversos níveis e que sejam avaliados ao longo deste percurso.

Desta forma é necessário congregar os diversos agentes da modalidade e diversos stakeholders, á volta de um objectivo comum que tem como missão colocar o basquetebol como modalidade número um das chamadas modalidades.

Ao nível da formação, propõe-se que no final do mandato desta direcção da FPB, em 2018, os clubes com equipas seniores masculina e feminina, dos diversos níveis de competição, tenham inscritos, com atividade regular e competitiva, a nível do clube e associativo, o seguinte número de “jogadores minis”:
- 1.º nível de competição: 120 jogadores
- 2.º e 3.º níveis de competição: 72 jogadores

Por outro lado, o número de jogadores do escalão mini deve refletir-se no escalão de iniciados (sub-14), com duas a três equipas em competição e com um mínimo de 6 a 8 horas semanais de treino.

Deste somatório de atletas espera-se que emerjam uma quantidade de atletas que demonstrem qualidades superiores aos demais e que por via disso possam alimentar a selecção nacional sénior masculina e feminina com a qualidade que nos permita competir a nível internacional no escalão A de cada sector (masculino e feminino).

Em relação ao centro de alto rendimento do Jamor, deve-se discutir qual a melhor política de recrutamento dos jovens jogadores e qual o verdadeiro papel que este centro pode e deve ter no desenvolvimento do basquetebol português.

Uma palavra para o desenvolvimento do basquetebol ao nível da escola como forma de dar a conhecer a modalidade, desenvolvimento do gosto pelo jogo do basquetebol e recrutamento desses jovens para o desporto federado.

Pretende-se motivar uma instituição académica para fazer um estudo académico á volta de quem são os jovens que jogam basquetebol, porque praticam a modalidade, quais os seus objectivos como forma de conhecer os nossos jovens praticantes e ajustar se necessário a politica desportiva e de comunicação da FPB, associações e clubes.

Quanto aos clubes com equipas seniores no primeiro nível de competição, aponta-se para que estes estejam estruturados para desenvolverem uma atividade de forma sustentada, apostando em quadros humanos.

Na vertente da gestão desportiva é fundamental (e urgente) a contratação de treinadores conhecedores do jogo, capazes de o ensinar, experientes ao nível da vivência da competição e com grande capacidade de liderança de jovens.

Na época de 2017-2018 é de esperar que o investimento feito pelos clubes se possa exprimir em dois a três jogadores formados no clube com espaço (e minutos de jogo) nos seniores. Com o crescimento da modalidade, no quadriénio 2018-2022 aponta-se para que as equipas seniores possam ter quatro a seis jogadores formados no clube, com minutos de qualidade.

Reflectindo a vontade de uma aproximação ao mundo académico e empresarial pretende-se reestruturar os clubes ou departamentos de basquetebol a nível dos recursos humanos.

Defende-se então que cada clube englobe nos seus quadros profissionais de comunicação organizacional na vertente de marketing e de relações públicas, e, porventura, design e multimédia, para que de uma forma integrada, e com o apoio da FPB, possam interagir com os seus públicos e ajudar a potenciar a “marca basquetebol”, contribuindo assim para que o público reconheça a modalidade, aumentando a sua notoriedade.

Nos escalões secundários, a Direcção da FPB deve proporcionar todo o apoio administrativo possível, colmatando as debilidades dos clubes. Na área desportiva, espera-se que até ao fim do ano de 2022, 80 por cento do plantel sénior seja oriundo da formação e que espelhe os valores da organização.
Organização dos campeonatos de veteranos pela FPB em molde a ser discutido e sua implementação.

Apoio ao basquetebol jogado ao nível universitário em molde a ser discutido e de possível concretização.

No quadro do novo Qren, deve a FPB e respectivas associações explorarem todas as oportunidades que este documento permita no sentido do desenvolvimento de projectos que sejam alvo de possíveis apoios públicos.

Este plano estratégico do basquetebol é suportado pelo conjunto de ideias desenvolvido anteriormente e que deverão ser avaliadas periodicamente, numa aplicação aos setores masculino e feminino.


António Pereira