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Wednesday, November 11, 2015

Um zero à esquerda

O jornal Expresso publicou um artigo que destaca o valor do surf e o retorno que a marca representa para os parceiros de negócio desta modalidade.

Já no primeiro texto que publiquei no meu blog em março de 2014 (ver link no fim do texto), abordo e sublinho a necessidade de criar a marca basquetebol e da obrigatoriedade desta se distinguir das restantes modalidades.

E como atingir este objetivo? Há que criar a marca ou fazer o rebranding daquilo que existe, ter uma visão clara do que se pretende e, depois, envolver as organizações e agentes desportivos, através de uma liderança congregadora, dinâmica, moderna e visionária. É este o (único) caminho para o sucesso.

O que sobressai na atualidade do basquetebol português é a ausência do que atrás referi.

Partindo da necessidade de conquistar credibilidade, criar sustentabilidade e atingir o equilíbrio financeiro, há que fomentar a formação de jogadores, organizar quadros competitivos ajustados à realidade e coerentes, desenvolver uma estratégia de basquetebol em paralelo com um plano de marketing e de comunicação. Assim se gera valor para o basquetebol e para os parceiros de negócio.

Estas ideias levam-me a questionar: o que tem sido feito para inverter o rumo do basquetebol português? Cativar adeptos e interagir com eles nos jogos ao vivo? Como tirá-los o sofá? no fundo como persuadir os fans a ir ver um jogo de basquetebol ao vivo. Ainda não vi... Seduzir parceiros negócios? Não tenho conhecimento de nada...

Deveriam ser estes os princípios norteadores do trabalho de quem pretende fixar a marca basquetebol em primeiro lugar e na tentativa de lutar pela atenção de audiência e patrocinadores.

O público dá as respostas, nunca está errado e a sua opinião não pode ser menosprezada. É ele o melhor juiz do que é organizado nos gabinetes e nos corredores das decisões e que no passado já lotou as bancadas dos pavilhões, tornando-se nos melhores embaixadores da marca basquetebol, numa altura em que as ferramentas de marketing e comunicação eram quase inexistentes.


Sem uma visão do que se pretende, do que somos, do caminho que precisamos percorrer, onde queremos chegar e qual a estratégia a usar, com poucos espectadores e patrocinadores, sem recolher informação (data), atrevo-me a dizer que o basquetebol em Portugal vale... zero! Já o surf está nos 400 milhões de euros. Quanta diferença!!!

Segue o texto da notícia publicada.

Surf vale 400 milhões

08.11.2015 às 12h00
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Depois do sol, da praia e do golfe, as ondas podem ser a próxima grande fonte de receitas no turismo
Jornalista
O número é indicativo e “até pode pecar por defeito”, garante Francisco Rodrigues, presidente da Associação Nacional de Surfistas (ANS).
Esta organização é a única que até agora fez um estudo do impacto económico do surf em Portugal e os resultados baseiam-se na soma de três parcelas: a indústria do surf (que inclui as várias dezenas de empresas que trabalham nesta área, as escolas de surf, as lojas de venda de pranchas e outros adereços e, não menos importante, os eventos que se vão multiplicando por toda a costa); o turismo associado ao surf, que conta com milhares de estrangeiros que todos os anos se deslocam a Portugal; e, em terceiro lugar, o contributo que é dado pelos mais de 212 mil surfistas residentes em Portugal (dados de 2012), que ao longo de todo o ano produzem receita sempre que praticam o seu desporto favorito.

VALOR PODE ‘DISPARAR’

Mas há um quarto fator que ainda não foi contabilizado no estudo da ANS, o qual, segundo Francisco Rodrigues, pode fazer ‘disparar’ o valor referência dos €400 milhões anuais. “É que está a aumentar todos os anos o volume de negócios da indústria têxtil nacional, que atualmente já se dedica quase em exclusivo à produção de linhas completas para marcas de renome mundial, que vendem roupa associada ao surf.” A maioria esmagadora desta produção segue para os mercados internacionais.
O presidente da ANS tem a noção de que o número que está a veicular “não tem base científica”, mas diz ter a certeza absoluta de que “estamos a ser muito conservadores nas estimativas que fizemos e basta ver a adesão crescente à modalidade em cada ano que passa e à forma quase viral como Portugal é seguido à escala global por todos os adeptos desta modalidade”.
Nos Estados Unidos, onde as ondas gigantes da Nazaré já estão a ir buscar ‘mercado’, o impacto económico do surf ronda os €6 mil milhões anuais, segundo Mark Noonan, administrador com a área comercial da World Surf League, que esteve recentemente em Portugal.

PENICHE GERA MAIS DE €13 MILHÕES NUMA SEMANA

Embora numa escala completamente diferente, na ordem de grandeza dos números, só a prova Rip Curl Pro 2013, em Peniche — que conta para o campeonato do mundo de surf — , rendeu €13,3 milhões em receitas, apenas numa semana. No ano seguinte subiu para €13,6 milhões, número que este ano poderá ter aumentado, até porque houve mais surfistas, mais público e mais promoção a nível mundial que nos anos anteriores.
António Correia, presidente da Câmara Municipal de Peniche, conta que está à espera dos resultados do estudo de impacto económico da prova, que se realizou há duas semanas. Entretanto, recorda alguns números do ano passado: só as transmissões televisivas do Moche Rip Curl Pro Portugal atingiram uma audiência global de 299,5 milhões de pessoas, tendo a transmissão online registado mais de 19 milhões de visualizações. Durante os dias da prova passaram pelas praias de Peniche 138 mil pessoas.
Um estudo da World Surf League concluiu que as três provas de seniores realizadas em Portugal Continental em 2014 (Moche Rip Curl Portugal Pro, Cascais Billabong Pro, Cascais Women’s Pro), tiveram um retorno mediático total de €46 milhões, dos quais €28 milhões relativos à prova de Peniche. É como se Portugal tivesse investido aquele valor na promoção da sua imagem à escala global, nota Francisco Spínola, presidente da Ocean Events, entidade organizadora da prova.
Quatro anos depois de Garrett McNamara ter surfado uma onda de 27 metros, os recordes de visitantes continuam a ser quebrados na Nazaré. Walter Chicharro, presidente da autarquia, conta que nos últimos 10 meses o farol da Praia Grande foi visitado por mais de 110 mil pessoas, e o histórico ascensor que liga a vila ao alto da falésia este ano deverá transportar perto de 900 mil pessoas, contra 640 mil em 2014.
É lá em cima que se avistam melhor as ondas gigantes que correm mundo sempre que um surfista tenta bater um novo recorde. Dados do Turismo de Portugal mostram que em novembro e dezembro do ano passado a Nazaré teve mais notícias internacionais que Lisboa.
Os investimentos na hotelaria da Nazaré multiplicam-se e somam já €30 milhões e as receitas na restauração sobem à razão de 50% ao ano. Mas o melhor ainda está para vir: um investimento de €1000 milhões, de capitais suíços e alemães, num megaprojeto turístico cujas taxas municipais seriam suficientes para liquidar a dívida da autarquia, uma das mais elevadas do país.

MAR DE OPORTUNIDADES

299,5 milhões foi o número de pessoas alcançadas pelas transmissões televisivas do Moche Rip Curl Pro Portugal, realizado em Peniche.
€46 milhões foi o valor mediático das três principais provas de surf realizadas no ano passado em Portugal, segundo a World Surf League.
€1000 milhões pode ser o valor do próximo grande investimento turístico em Portugal, na Nazaré.

Fontes:
Link do artigo do artigo do jornal Expresso: http://expresso.sapo.pt/economia/2015-11-08-Surf-vale-400-milhoes
Fotos: Imagens Google