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Wednesday, October 14, 2015

Será o basquetebol uma família grande?

O estado atual do basquetebol é parecido com uma grande família que não se entende dando assim uma imagem negativa para o exterior.

Mas será que nos últimos anos, houve paz na família basquetebolista?

No sentido de contribuir para uma melhoria do ambiente no basquetebol tenho escrito diversos textos, textos esses que normalmente têm propostas estruturantes para a nossa modalidade e que antecipam problemas. Aliás um dos grandes males do basquetebol português destes últimos anos tem sido sempre o de correr atrás do prejuízo, tornando-se reativo em vez de pró-ativo. 

Mas esta dificuldade em arrancar a época era um cenário previsível. Os Clubes não gostaram do modelo competitivo nomeadamente quanto ao aumento das despesas. Os árbitros não gostaram de saber por outros que os seus prémios iriam sofrer um corte, e de uma forma algo natural previa-se o que veio a acontecer.

Aliás esta falta de atitude pró-ativa de todos os envolvidos na modalidade levou o basquetebol á falta de credibilidade, á falta de sustentabilidade e aqui não falo só do problema financeiro mas também de outros aspetos que contribuem para os diversos itens da sustentabilidade tal como a formação, á falta de apoios através da falta de parcerias ou dificuldades em as concretizar, do problema de não gerar receitas, da necessidade de captar e como o público, e da ausência do espetáculo ou até mesmo da incerteza do resultado.

Neste cenário não é possível colocar o basquetebol em primeiro, nem sequer em segundo.

Por forma a colmatar este problema e recuperar a paz há necessidade de envolver as diversas parte na solução do problema.

Uma dessas fórmulas pode muito bem ser o de criar um conselho de gestão das competições onde várias partes estejam presentes no sentido de estudar os problemas, antevendo cenários, agindo em prol do basquetebol num cenário onde os contributos das diversas partes são importantes.

Este conselho de gestão deve gerir uma ou mais competições sem retirar a legitimidade e autoridade ao Presidente da FPB, mas bem pelo contrário dando-lhe legitimidade e força. Neste conselho devem estar representantes da FPB, dos clubes, de treinadores do nível competitivo correspondente como representantes da ANTB ou não, da ANJB, e da associação de jogadores quando estes quiserem e tiverem uma associação ativa e representativa dos diversos atletas. Neste grupo devem estar ainda pessoas ligadas ao marketing e comunicação porque estas duas áreas são fundamentais para qualquer organização que se queira afirmar num mercado competitivo e não tenho dúvidas que este é um mercado altamente competitivo e disputado.

Existe uma expressão do género ”não te ponhas a inventar que já está tudo inventado”, e nesta situação não estamos a inventar nada. A NBA tem o conselho dos governadores onde se fala dos problemas encontrados e das soluções possíveis. Depois de um tempo de reflexão o dito conselho volta a reunir para os temas serem novamente discutidos sendo na sequência disso aprovado ou não. 

É claro que a NBA tem uma missão clara e uma visão que não deixam dúvidas, os valores que defendem e a o seu logo, fazem parte da sua identidade e todos sabem do que se espera da NBA quando este nome é referido.

Mais que inventar é preciso adaptar os bons exemplos das organizações e felizmente a NBA é uma delas existindo a necessidade pensar fora da caixa ou ver o grande quadro “the big picture” da situação.

A realidade do basquetebol nacional é diferente. Os diversos clubes têm problemas diferentes. estruturas e realidades diferentes a diversos níveis, os treinadores a mesma coisa, uns são profissionais e outros embora muitos tenham uma atitude profissional exercem uma outra profissão. 

Em relação aos jogadores a mesma situação, uns são profissionais e outros ganham algum dinheiro mas são estudantes ou trabalham mesmo. Em relação aos árbitros que muitos falam e escrevem sobre a sua qualidade mas que neste momento são os primeiros a mandar pedras, tenho a ideia de que existem alguns que são muitos bons, que existe um conjunto alargado com bastante potencial e depois temos as assimetrias regionais ou nacionais.

Com tanta dispersão de realidades e interesses só uma grande capacidade de gerar consensos pode tirar o basquetebol do abismo onde se encontra. E deste modo não é fácil um grupo tão restrito de pessoas como o que gere a FPB (Federação Portuguesa de Basquetebol) ter sucesso. Usando mais uma expressão “como os mesmos procedimentos repetidos sistematicamente não podemos esperar resultados diferentes”.

Há distância de um teclado ou de um microfone é fácil escrever nas redes socias ou falar numa rádio ou televisão, mas de uma forma consciente podemos afirmar que os diversos stakeholders do basquetebol estão cansados e zangados com este basquetebol que não serve ninguém.

Este pode ser o momento que o basquetebol precisava para unir a família e colocar no top das prioridades o envolvimento de todos para que o basquetebol recupere o prestígio, até porque adiar pode ser o despertar de novos problemas que se advinham.

António Pereira


Nota de esclarecimento: Este texto foi escrito no dia 11 de Outubro de 2015 e disponibilizado no mesmo dia e seguintes a pessoas diversas e teve como objetivo o contribuir para uma reflexão sobre os problemas atuais do basquetebol português. 

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