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Monday, October 20, 2014

Razões para uma não candidatura


Em finais de fevereiro fui contactado por algumas pessoas que pretendiam saber qual a minha opinião sobre as futuras eleições na FPB, bem como averiguar o meu eventual envolvimento.

Respondi que estava unicamente focado em terminar a minha dissertação de mestrado em Marketing e Comunicação, tomar uma decisão face à hipótese de avançar para um doutoramento e, em termos profissionais, continuar a desenvolver a minha empresa fora de Portugal.

Disse, ainda, que iria dar a minha opinião por escrito e publicá-la no meu blogue. Na sequência de tal decisão, escrevi um primeiro texto com o título “Acerca das eleições para a FPB – 2014”.

Ao mesmo tempo, defendi junto dessas pessoas que se deveria convidar elementos de diferentes áreas da modalidade para, em grupo, participar num debate construtivo, criando envolvimento num projeto que se pretendia global e participativo.

Posteriormente, devia ser indigitado um candidato a presidente que refletisse a vontade do grupo, a sua capacidade de liderança e de diálogo perante os demais e perante as gentes do basquetebol.

Isso não foi possível porque, de entre as pessoas que, na nossa óptica, poderiam constituir a injeção de “sangue novo” na modalidade, houve quem, simplesmente, tenha demonstrado indisponibilidade ou falta de interesse.

Optei, então, por continuar a escrever, no sentido de contribuir com as minhas ideias para um melhor basquetebol.

Fui candidato a candidato porque algumas dezenas de pessoas se identificavam com o que escrevi e me perguntaram se eu estaria disponível para avançar.

Não passei de candidato a candidato porque nunca senti que as pessoas estivessem verdadeiramente unidas à volta de um projeto que refletisse mudança, tendo em vista um basquetebol melhor - fosse ele liderado por quem fosse.

Por fim, não escondo que muito dificilmente se reuniriam condições, a nível federativo, que me fizessem abandonar a atividade que atualmente (e há mais de 20 anos) exerço em Portugal e além fronteiras mas, o apoio que recebi da parte de clubes, treinadores, jogadores e árbitros fica registado e poderão contar comigo para futuras lutas.

Ainda assim, deste percurso de cerca de oito meses, há aspetos a destacar.

Positivo:
- As milhares de pessoas que leram os meus textos. Algumas fizeram críticas, outras deram sugestões, e algumas até me incentivaram a candidatar.

- Sinto que dei um contributo - o contributo que me era possível neste momento - através dos meus textos para que se refletisse sobre o basquetebol.

- Conheci quem goste de basquetebol e que não queira saber se na cadeira de presidente está fulano A, B ou C. Querem um basquetebol melhor, querem que o basquetebol avance num sentido concreto e que a modalidade seja algo de que todos nós nos possamos orgulhar.

Negativo:
- A falta de envolvimento das pessoas da minha geração e das gerações anterior e  posterior.

- O discurso que já ouvi no passado “dou a minha opinião mas não quero envolver-me”. Parece indicar que há receio de punição por se ter opinião. Já aconteceu isso há quatro anos. Voltei a ouvir agora.

- Entre os dois propalados candidatos à presidência da FPB, nenhum apresentou programa ou até mesmo o nome dos elementos que compõem a lista publicamente fazendo-o somente no último dia da entrega das listas. E não divulgaram publicamente qualquer ideia sobre o basquetebol. Será isto positivo? É assim que se vai envolver as pessoas ? Que mensagem é que queremos passar para o exterior? Não parece positivo para o envolvimento dos diversos agentes do basquetebol num projeto nacional. Cada candidato faz o que achar melhor para ele mesmo, mesmo que isso não traduza o melhor para o basquetebol.

Em suma, esta foi uma experiência enriquecedora do ponto de vista pessoal e não vai ser esquecida. Antes pelo contrário. E no futuro, tudo será devidamente ponderado.

António Pereira


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