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Monday, February 4, 2019

Basquetebol de formação em Portugal – que caminho

Têm-se disputado por todo o país as fases finais dos escalões de formação sinal de vitalidade da modalidade e das respetivas associações e que por norma são seguidas, em bom número, por pais e parentes dos participantes.

Na sequência disso tem-se assistido a uma discussão nas redes sociais e em conversas entre amigos sobre a qualidade da formação dos jovens jogadores Portugueses.
Muitos tendem a fazer paralelismos e ressalvam que no passado fazia-se isto e fazia-se aquilo, que eram melhores. Temos de aceitar e compreender que o basquetebol do presente é jogado sob os pontos de vista coletivo e individual de forma diferente, bem como a exigência física e mental são hoje parte fundamental das competências necessárias a um jogador de sucesso ou que quer competir a um determinado nível.

A velha máxima de que não se pode esperar resultados diferentes aplicando a mesma fórmulaestá hoje cada vez mais presente porque o jogo de basquetebol de hoje em comparação ao do passado só tem mesmo o nome em comum.

Sou daqueles de que não gosto de comparar o que não e comparável, mas gosto de ter referências, e a história do jogo ensina-nos e ajuda-nos a compreender o passado e a perspetivar o futuro da modalidade.

Aliás a falta de um diagnóstico correto é o maior problema do basquetebol português bem como em geral das organizações.

Se houvesse um diagnóstico bem feito, e por isso tivesse realmente objetivo ao identificar problemas e a razão deles seria muito mais fácil de implementar um plano estratégico que alterasse esse quadro e assim colocar o basquetebol no caminho em direção ao futuro.

A propósito de diversas fases finais de jovens do sector masculino, que se disputaram por todo o país tive a oportunidade de ver alguns jogos e de trocar ideias com algumas pessoas acerca dessa observação e identifiquei as seguintes situações:  

- Fraco conhecimento do jogo de basquetebol nomeadamente nos seus princípios básicos, tais como ocupação do espaço e conhecimento do jogo;
- Técnica individual quer ofensiva quer defensiva com qualidade mediana;
- Qualidade das decisões tomadas questionável, com bola e sem bola;
- Seleção de lançamentos no que diz ao timing do lançamento, zona do campo onde é efetuado, tipo de lançamento executado, partilha da bola (passe extra) para lançador melhor colocado a melhorar bastante;
- Ligação passador – recetor, nomeadamente o timing de passe/receção do base para o extremo, o que causa muitas perdas de bola. Do extremo para o poste, não deixando que o poste ganhe a posição e ao mesmo tempo optando por um tipo de passe menos efetivo (passe de duas mãos ou passe em arco por exemplo) em vez de passe picado (cruzado ou direto) com uma mão; 
- Poucos bons lançadores (talvez por não se poder defender zona);
- São poucos os bons dribladores;
- Muitos poucos sabem passar a bola, especialmente após drible;
- Ataque sistemático do cesto através da penetração pela linha final (não consigo perceber o porquê deste conceito visto que é das piores soluções ofensivas);
- Defesa ao homem como bola, nomeadamente na capacidade de parar a penetração em drible;
- Defesa do lado de ajuda é um conceito quase ausente do jogo;
- Bloqueio e ressalto defensivo praticamente inexistente;

Da análise individual posso afirmar que nos jogos observados não identificamos jogadores com um reportório individual de movimentos técnicos que hoje são necessários no basquete moderno e que deviam permitir ao jovem praticante ter uma perspetiva de sucesso no confronto com o seu adversário direto, quer no que diz respeito ao drible e criação de lançamento.

Hoje muitos colocam os olhos em Luka Doncic e o seu reportório de técnica individual ofensiva. Um outro bom exemplo é James Harden, uma máquina de fazer cestos. Aliás acerca de Harden existe hoje nos USA uma discussão que aponta para que ele seja o jogador mais ofensivo de todos os tempos passando jogadores como Wilt Chamberlain ou Michael Jordan que foram jogadores que se destacaram pela sua capacidade de marcar pontos ao longo da sua carreira.

Os jovens de hoje têm uma vantagem em relação aos jogadores do passado, visto que o acesso á internet permite-lhes o acesso fácil á informação e imagens visuais de jogadores evoluídos tecnicamente (do presente e do passado) e isso permite-lhes uma ideia de como treinar melhor, podem replicando técnicas e mesmo desenvolver a técnica individual. Este é o desafio que lhes é colocado. Ver, observar, aprender, praticar, trabalhar, trabalhar mais, trabalhar melhor se querem atingir um nível de qualidade acima da média seja ela qual for.

Na formação portuguesa será que conseguimos identificar jovens com qualidade técnica quer ofensiva e defensiva que lhe permita ter sucesso no basquetebol moderno e num patamar de excelência?



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António Pereira



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