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Monday, February 11, 2019

Basquetebol de formação em Portugal – que caminho (2ª parte)

Durante mais de duas décadas quer pelo gosto e prazer em ver um jogo de basquetebol, mas também por motivos profissionais habituei-me ao chegar a um pavilhão, sentar-me, ver, e observar os jogadores de basquetebol a desenvolverem as suas competências técnicas e avaliá-las.

Nunca me preocupei muito com as soluções táticas porque se assim fosse estaria a avaliar as competências do treinador no que diz respeito á preparação e execução da estratégia ou estratégias do jogo, mas por vezes identificamos e não podemos ignorar que as opções táticas não ajudam a tirar partido das características de um determinado jogador, especialmente no que se refere ao escalão sénior, mas por norma esse não era o objetivo do meu trabalho. 


A primeira parte deste artigo deve ser encarado nessa perspetiva, ver, observar, identificar e analisar potencias jogadores, como forma de verificar se tiveram um percurso que os dotou das técnicas necessárias para serem jogadores seniores

A avaliação deve ser encarada como um momento natural e o jogo é um bom momento para o fazer. Jogadores e treinadores são sistematicamente avaliados pelos fans das equipas, pelos seus dirigentes, pelos órgãos de comunicação social, pelos seus pares e por aqueles cujos objetivos é identificar potenciais talentos.

Para que o trabalho tenha sucesso é preciso um plano de desenvolvimento de curto e médio prazo, aquilo que por norma se afirma como “não queimar etapas”. Mas o que é isso afinal? Não queimar etapas é ensinar desde as técnicas mais básicas até ás mais exigentes ao longo de diversas épocas de forma a que só se passe ao patamar seguinte desde que que se domine o patamar em que está. Nenhum professor passa da tabuada dos 5 para a tabuada dos 9 sem saber as tabuadas prévias, como é óbvio.

Ora só é possível que os jovens jogadores se desenvolvam se existir o tal plano prévio sendo da responsabilidade do treinador traçar este percurso e avaliá-lo.

Pode acontecer que um ou mais jogadores não sejam capazes de melhorar ao mesmo ritmo que outros, mas isso não deve ser encarado como um problema. É só mais um desafio para o treinador entre outros.

Diversas questões têm sido levantadas após o fim destas fases finais, nomeadamente a aplicação do regulamento técnico pedagógico (RTP) que recomenda que as equipas não devam defender zona, deixando muitas vezes os defensores em situações posicionais duvidosas sobre como se estão a defender hxh ou em zona o que na pratica leva a que muitos defendem “zomem”. Por outro lado, obriga a que os jogadores de uma equipa (neste caso dos sub 16) joguem pelo menos 1 período de jogo, o que nesta fase não parece ser nada consensual. O mais caricato pode acontecer é nenhuma das equipas conseguir cumprir com o RTP. Neste caso mesmo jogando levaria a que as duas equipas perdessem o jogo, o que não deixa de ser original e caricato porque num jogo ou existe a vitória, a derrota ou empate, agora duas equipas perderem não deixará de ser estranho e bizarro.

Ate que ponto a aplicação do RTP contribui para os problemas com que as nossas seleções se debatem nos confrontos internacionais? Fará parte do mundo real da competição internacional? Em que é que beneficiam os atletas do ponto de vista de progressão individual? 

Enquanto jovem quer eu bem como os meus colegas, todos queríamos fazer parte da equipa sénior e todos tínhamos os nossos ídolos de então. Hoje não tenho essa certeza. Antes pelo contrário. A perceção que existe é que muitos dos miúdos que hoje jogam, é porque são obrigados muitas vezes pelos pais e que a atividade dentro dos clubes só existe porque os pais pagam e se pagam exigem que os filhos joguem independentemente da sua qualidade ou da sua preparação. Treinar não é suficiente para a satisfação destes pais. Mas jogar deveria ser por mérito e não por via administrativa. Contudo compreendo. Muitos consideram os pais um problema em vez de os considerarem um beneficio. Há que saber gerir os pais e fazê-los crescer como agentes desportivos pela positiva contribuindo de forma decisiva para o crescimento dos seus filhos através da prática desportiva. Alguns dizem que os rapazes e raparigas estão mais comprometidos com o futebol ou futsal do que com o basquetebol e que só estão no basquetebol porque são obrigados pelos pais. É um problema que só uma gestão desportiva pode de certa forma resolver na minha opinião.

O basquetebol tem de se afirmar como uma marca de prática desportiva de referência inserida na industria desportiva e isso tem tardado a ser feito.
A este propósito no dia 4 de fevereiro de 2019, o treinador da seleção nacional sénior masculino, Mário Gomes, numa entrevista a um canal de televisão afirmou “o basquetebol português está melhor, mas os outros cresceram mais do que nós”.

Podiam-se colocar muitas questões, nomeadamente como se deve promover o basquetebol? para que serve o RTP? Será que regulamento beneficia o progresso dos jovens? Se não, afinal serve a quem?

Mas parece-me que a questão de partida mais interessante poderá ser: como tornar o basquetebol interessante para que os jovens desejem jogar nas equipas séniores?

António Pereira


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