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Wednesday, March 4, 2020

Por onde andam as referências do basquetebol português?


No passado, o basquetebol afirmou-se como a segunda modalidade mais interessante para ao adeptos, no panorama desportivo português.

Para isso, muito contribuíram dirigentes, treinadores e jogadores de então, que aproveitando entre outras coisas a rivalidade entre clubes regionais e nacionais transformaram os jogos em momentos de grande competição, emotividade, levando a que os pavilhões de apresentassem lotados inúmeras vezes.



Contudo, nos últimos anos sempre que falamos nesse passado deparamo-nos com duas realidades. A primeira é que essa fase fulgurante é praticamente desconhecida das novas gerações, a segunda é que os agentes da modalidade desses tempos se afastaram dos pavilhões.

Esta realidade leva-me a colocar algumas questões tais como: 
1 - Por onde andam esses agentes que contribuíram para que o basquetebol atingisse um nível organizacional e competitivo digno de ser lembrado? 
2 – O que originou que esses ex-atletas e não só se tenham afastado dos recintos?

Neste cenário, recentemente criei uma rubrica no meu blog (http://apbasketball.blogspot.com/ ) a que dei o nome de Memorabilia, palavra que tem o significado de um conjunto de coisas ou acontecimentos memoráveis. A referida rubrica tem o intuito de honrar o passado e de dar a conhecer os feitos dos homens e mulheres do nosso basquetebol.

A NBA assume que a sua liga gira em torno dos jogadores e são estes que têm o poder de atrair os adeptos/fans: Na realidade desportiva nacional não é de descurar a paixão clubística dos sócios e adeptos dos clubes para aumentar a ocupação dos pavilhões.

As entradas na NBA de “Magic” Johnson e Larry Bird, com a rivalidade existente entre ambos já do tempo do campeonato universitário, permitiram reavivar e alimentar a rivalidade entre este vs. oeste, dos Lakers vs. Celtics. A competição, para além de tornar os jogadores melhores, contribuiu de forma decisiva para construir a imagem da NBA, e para a tirar a liga do buraco em que se encontrava na sequência escândalos e prejuízos financeiros.


Com Michael Jordan e outros jogadores a NBA, ganhou notoriedade, visibilidade e internacionalizou-se. Kobe Bryant soube aproveitar o advento da internet, das redes sociais, das transmissões via satélite, colocando definitivamente o basquetebol da NBA como um espetáculo global e visto por milhões no mundo.



Isto é marketing
Isto é estratégia
Isto é ter uma visão de onde queremos chegar!

Assente na visão de David Stern, comissário nos anos 80, a NBA transformou-se e passou a melhor e maior liga desportiva do mundo. Foram criadas a NBA.com, regras de conduta, códigos de vestuário para os jogadores (https://en.wikipedia.org/wiki/NBA_dress_code), começou-se a usar a tecnologia, redes sociais, e institui-se o apoio a causas. A NBA globalizou-se e, de repente passou a ser uma organização de referência no marketing e comunicação, uma máquina de fazer dinheiro!!! Com isso, os seus jogadores passaram a ganhar milhões e as suas equipas exponencialmente, o que muito agradou aos atletas e proprietários, principalmente quando as equipas são vendidas (atualmente o valor médio de uma equipa é de 2.1 biliões de dólares, representando um crescimento de 600% na última década, sendo que a receita das trinta equipas é de 8.8 bilhões de dólares).  

Por outro lado, os jogadores passaram a ser admirados e seguidos em todo o mundo, muitos deles tornaram-se ícones da moda, entrepeneurs, investidores, comunicadores, aproveitando todos os momentos para comunicarem com os adeptos, criando assim uma empatia e capitalizando ao nível de patrocinadores e reconhecimento. 

Isto é marketing pessoal.





Em Portugal, o Benfica teve momentos de afirmação na Taça dos Campeões Europeus com vitórias sobre Panatinaikos, Real Madrid, CSKA, Juventud de Badalona entre outros. 




O FC Porto teve igualmente momentos de glória na Saporta Cup e EuroCup (1997 e 2000) com record de vitórias de 12-4 e 11-5, respetivamente, tendo em ambos os anos chegado aos quartos-de-final da competição. Se no ano de 2000, tivesse chegado ás meias-finais, Portugal teria colocado uma equipa na Euroliga, o que teria sido excelente para o basquetebol Português. 


O C. Atlético de Queluz chegou a vencer 40% (4v-6d) dos seus jogos na ULEB Cup, sob a liderança de Alberto Babo, tendo vencido Pamesa Valencia de Espanha, e posteriormente chegou á final regional da FIBA Eurochallenge jogada em França, fase onde esteve envolvida a Ovarense. Portugal Telecom, Oliveirense e CAB Madeira entre outras também tiveram bons percursos. A Ovarense foi um dos clubes que mais vezes participou nas competições europeias e que habituou os seus adeptos a grandes momentos de basquetebol. No início da sua aventura europeia recebeu a equipa KK Split - conhecida por Jugoplastika ou Pop 84 - com uma geração de ouro onde despontava Tony Kukov, que mais tarde jogou nos Chicago Bulls (de Jordan e Pippen) e nos habituou a grandes momentos de basquetebol e de grande exigência. 


No Campeonato da Europa de 2007, em Espanha, a seleção nacional de seniores masculinos, alcançou um brilhante 9º lugar na classificação final. Este foi o corolário do trabalho de uma brilhante geração de dirigentes, treinadores e jogadores. Na equipa das quinas, vários jogadores representavam equipas de outros campeonatos europeus, tais como Espanha e Itália, demonstrando a qualidade desses atletas. Neste momento, quantos jogam na Europa? Na segunda divisão espanhola (LRB Oro) temos um jogador, e mais alguns, e depois só existem portugueses em escalões de competição mais baixos. No feminino a situação é diferente, havendo um maior número de atletas na europa. 

Com todo o acumular de experiências e vivências, porque não aproveitamos os nossos ex-atletas e ex-treinadores para partilhar conhecimentos e experiências com os jovens jogadores e treinadores? 

A Festa do Basquetebol Juvenil, que vai ser levada a efeito brevemente, bem que poderia aproveitar estes ex-jogadores para poderem passar uma mensagem do seu percurso de vida e desportivo e, ao mesmo tempo. acompanhar as equipas dos seus distritos, servindo de fator motivacional.

Em relação á competição NBA Jr. que envolve as escolas portuguesas, a sugestão é clara: nas jornadas concentradas, a presenta e apoio destes ex-jogadores e ex-treinadores deve ser uma realidade na tentativa de motivar e recrutar novos valores para o basquetebol. No sorteio da competição tivemos a presença de pessoas estrangeiras, durante o ano poderíamos ter as antigas figuras nacionais a contar as suas histórias, a apoiar os treinadores, o que servindo também de motivação, tal como Kobe usou o storytelling para motivar os mais novos, tendo mesmo ganho um Oscar de Hollywood?

Rodearmo-nos de pessoas com mais conhecimentos, experiências e saber ouvi-las são algumas das soluções de como podemos crescer e melhorar as nossas competências.

Honrar o passado através da Memorabilia, é o meu contributo para com os que deram ao basquetebol o melhor da sua vida. Pretendo, com isso, dar a conhecer os seus feitos e as suas aventuras basquetebolísticas, independentemente das suas funções, dos seus clubes, não branqueando a história do basquetebol português que já teve capítulos de enorme grandeza.

António Pereira

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